Contudo, o desenvolvimento do desporto, não advém da condição dos atletas. Existem outros fatores para o desenvolvimento. Falo claramente do desenvolvimento do desporto nos seus 12 fatores que são instrumentos fulcrais para a definição e avaliação das políticas desportivas. Estas dizem respeito à orgânica (organismos), às atividades, ao Marketing, à formação, à documentação, à informação, às instalações, ao apetrechamento, aos quadros humanos, ao financiamento, ao normativo e à gestão.
Claro que os atletas (ou praticantes) estão dentro destes fatores quando falamos de quadros (ou recursos) humanos. Contudo a noção de amador não pode ser confundida com a situação de incompetência.
Amadorismo é o desempenho de uma atividade por prazer e não visando à subsistência do praticante. Isto não significa que por sermos amadores não tenhamos a competência necessária para dentro da designação de função cumprir com sucesso os nossos objetivos.
À luz do que foi introduzido anteriormente, penso que consigo agora sustentar a importância de compreender que não é pelo facto das pessoas não se dedicarem profissionalmente à atividade desportiva, que não tem a possibilidade de garantir qualidade no seio da sua função.
É necessário cada vez mais capacitar as pessoas envolvidas no sistema desportivo para poder resolver os desafios que lhes são apresentados. Um dos desafios é a capacidade de captação de recursos.
Pessoalmente, sou muito critico à condição das organizações que estão ligadas ao fenómeno desportivo estarem quase como dependentes dos recursos disponibilizados na sua maioria pelo Estado (seja ele central ou local) para a realização das suas atividades.
É aqui que quero introduzir a noção de empreendedorismo no desporto. O conceito de empreendedorismo foi introduzido nos anos 40 por Joseph Schumpeter e hoje é um conceito em constante utilização. O papel do empreendedor é identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em um negócio lucrativo.
Não estranhemos aqui a palavra negócio. O desporto, mesmo se apresentado como sem ter fins lucrativos, tem de apresentar receitas para poder ser investido no seu. A ideia que as organizações sem fins lucrativos não podem gerar receitas é incorreta. Simplesmente não pode existir o repartir dessas receitas pelos sócios da organização e este deve ser usado para os objetivos sociais definidos.
Assim, existe em Cabo Verde uma mudança de visão em relação a este mesmo paradigma. Já existe bons exemplos neste capítulo ligado ao desporto em Cabo Verde. Reparem na notícia esta semana da atividade “The Hike”.
O “The Hike” foi uma caminhada (na modalidade de Tracking) organizada pelo holandês Matthijs Van Berkel com a duração de 24 horas para angariação de fundos para as crianças que carecem de cuidados nas Aldeias Infantis SOS - Cabo Verde. A forma como foram angariados os fundos foi através de donativos e patrocínios. Através de uma forte campanha de marketing internacional foi possível angariar 10.690.194$00. Um modelo que interliga a solidariedade, o empreendedorismo e o desporto como ferramenta de desenvolvimento social.
Um excelente exemplo para nos servir de inspiração e para nos obrigar a inovar no sentido de ultrapassar os desafios inerentes ao processo de desenvolvimento.