Os novos tempos da indústria musical, falar e partilhar

PorPaulo Lobo Linhares,14 set 2020 7:14

Num dos artigos anteriores, referi-me à iniciativa da cantora Sandra Horta e sua equipa de produção, na sequencia do “Live with Love” onde era clara a presença dos novos palcos, que aparecem de mansinho.

Conforme escrevi, não é novidade que estamos em outros tempos, de palcos outros, que serão certamente o complemento dos físicos.

Para que os tais novos-palcos vinguem, serão precisas conversas, maior troca de experiência, num mundo que (ainda) é novo.

Acredito que estejamos a entrar numa nova era onde o conceito será rei, e sobretudo se falará das alternativas a massas, ao “mainstream”, ou seja, numa Alternativa musical e de produção. Já defendia isso há uns anos e não tenho dúvidas de que agora tudo se assenta, conforme vamos vendo.

As actividades musicais vão continuar, pois a cultura terá sempre de fazer parte da nossa existência. Sem ela seremos amorfos-seres. Há quem defenda que sairemos reforçados deste presente, pois ao físico juntar-se-á a força do digital – que acabou por chegar mais cedo do que se esperava, coabitando assim com o referido formato anterior.

Bem, por tudo isso, e pondo de parte a dúvida, pois seguiremos caminho, há que desbravá-lo e apressarmo-nos, pois, o tempo urge. Há que partir para as iniciativas.

Se no “Live with Love”, destaquei o factor palco-cénico, desta vez trago algo não menos importante: os debates, workshops e show-cases promovidos pelas Feiras Musicais.

Se foi um marco na nossa música o aparecimento do AME, com ganhos musicais únicos – nacional e sobretudo internacionalmente – há então que continuar eventos do mesmo tom genético. Mercados Musicais, onde se promovem trocas de informação, experiências, vivências, de onde saiam reforçados os músicos e a sua arte maior – a música…neste caso a nossa música, um dos nossos cartões-de-visita no exterior.

Desta vez falo de uma Feira Musical – a Somada Music Market – que, pé ante pé, e ao que parece, com doses necessárias de paixão – propõe “um mercado alternativo de música com o objectivo de promover o trabalho feito pelos cabo-verdianos, residentes e na diáspora, de forma a criar caminhos para que as suas obras sejam expostas aos profissionais da indústria da música com o intuito de fazer com que tenham sustentabilidade a longo prazo”.

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São dias de: Showcases, Conferências e Workshops que gritam num denominador comum – a alternativa, o acto de ser um espaço onde se possa falar de outros modelos, visões, formato…enfim de toda a música e mais as “outras”.

Se o objectivo é necessário, o acto de “boa-rebeldia” num “caminhar pelas próprias pernas” ainda o torna maior. Mais…saiu da Praia/Mindelo e fundou âncora na Assomada. A produção e o seu mentor Cris da Lomba deixaram nitidamente a tal zona de conforto e abriram mesas onde reuniram produtores de renome, músicos conceituados e alguns conferencistas nacionais, habituados a correr mundo.

Num momento em que a música precisa mais do que nunca de ser falada, acções destas são quase que cruciais para alimentar o todo-real que terá de ser construído.

Quero crer que será a primeira de muitas, e este Somada Music Market veio com intenções de marcar e oferecer lugares para mais … alternativas.

Assim, a escolha de hoje vai para o leque de eventos disponíveis na plataforma virtual desta feira, abrangendo desde conferências a showcases musicais.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 980 de 9 de Setembro de 2020. 

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,14 set 2020 7:14

Editado porSara Almeida  em  14 set 2020 7:59

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