O astrónomo Scott Sheppard, da Instituição Carnegie para a Ciência, na cidade de Washington (EUA), descobriu o planeta mais distante do nosso sistema solar. Até agora, pensava-se que o título ia para um planeta descoberto em Dezembro pelo mesmo astrónomo, que é tão remoto e invulgar que os cientistas decidiram chamar-lhe FarOut (do inglês “longínquo”, “invulgar”, “bizarro”, “extraordinário”).
Por partilhar as mesmas características do seu antecessor, o novo planeta ganhou a alcunha de FarFarOut. A descoberta foi anunciada durante uma palestra de Sheppard que decorreu na última sexta-feira em Washington e se centrava na sua procura pelo misterioso Planeta X, por vezes designado Planeta 9, e que segundo aquele astrónomo terá cinco a dez vezes o tamanho da Terra.
O FarFarOut está a cerca de 140 vezes mais distante do Sol do que a Terra (o nosso planeta encontra-se a 150 milhões de quilómetros do Sol, distância essa que representa uma unidade astronómica, ou UA). Caso a localização do planeta se confirme, Sheppard vai ultrapassar a sua anterior descoberta do FarOut, o planeta-anão a 120 UA e que era, na altura, o mais longínquo da Terra, devendo ser rosado, estar coberto de gelo e ter um movimento muitíssimo lento.
Scott Sheppard acredita que descobrir estes objectos é uma conquista em si, mas compreendê-los será também útil na procura pelo Planeta X. “Quanto mais objectos encontrarmos, melhor podemos entender o que está para lá do nosso sistema solar e estamos mais perto do planeta que acreditamos que está a moldar as suas órbitas”, disse o astrónomo ao site Sciente Alert na altura em que tinha descoberto com a sua equipa o FarOut, citado pelo jornal Público.
Quanto ao FarOut e ao FarFarOut, ainda não se conhecem bem as suas órbitas, pelo que não sabe se terão alguma influência gravitacional do tal Planeta X. A existência deste nono planeta principal nos confins do sistema solar foi proposta por esta mesma equipa de investigadores em 2014, quando anunciaram a descoberta do planeta 2012 VP113, ou Biden, a sua alcunha, e que actualmente está a 84 UA do Sol, lembrava em Dezembro o comunicado da Instituição Carnegie para a Ciência sobre o anúncio do FarOut.
Texto originalmente publicado na edição impressa doexpresso das ilhasnº 900 de 27 de Fevereiro de 2019.