Notícias de Opinião

Entre Likes e Linchamentos: O Desafio da Democracia Cabo-Verdiana
Há dias que deveriam ficar gravados na memória coletiva como pontos de viragem. O lançamento do projecto do novo Hospital Central de Cabo Verde é um desses dias. O primeiro hospital a ser construído de raiz desde a independência, um investimento histórico que promete transformar o nosso sistema de saúde, ampliar valências, salvar vidas e oferecer esperança onde tantas vezes houve muita espera.

Cabo Verde e o Futuro Energético: Transformar Lixo em Luz na Ilha de São Vicente
Na Ilha de S. Vicente, Cabo Verde, confrontamo-nos com uma realidade profundamente desconcertante, pela sua inaceitabilidade ambiental, num momento de concertação de todas as vozes à escala mundial sobre as alterações climáticas: todo o lixo de S. Vicente continua a ser “tratado” — se assim se pode chamar — por incineração a céu aberto, um método rudimentar, obsoleto e altamente contributivo para os problemas ambientais que se avizinham a passos largos com todas as implicações graves para a saúde pública.

Hegel e a Filosofia do Saber Absoluto
A filosofia hegeliana coloca-se sob o signo do acesso ao Absoluto, não como algo dado, mas como resultado de um processo histórico. Assume-se como construtor de um sistema de pensamento como filosofia do espírito, com três facetas: o espírito subjectivo, que se desenvolve por etapas até alcançar o Saber Absoluto ao nível da consciência humana; o espírito objectivo, que se realiza na filosofia da história e na filosofia do direito, e o espírito Absoluto, desenvolvido como Arte, Religião e Filosofia. A filosofia procura a verdade como Totalidade do saber: A Verdade é o Todo. A filosofia de Hegel confere um primado às ideias na configuração do real, na linha de Parménides e Platão.

Não continuar a cometer os mesmos erros
Parafraseando a célebre frase de Georges Santayana pode-se dizer que “quem não aprende com os erros do passado está condenado a repeti-los”. Em Cabo Verde é cada vez mais clara a resistência em lembrar o passado e em aprender com os erros cometidos. Primeiro, porque o passado está amarrado a narrativas ideológicas institucionalmente reproduzidas que dificultam o desenvolvimento do espírito crítico por tornar inconveniente qualquer sinal de inconformismo com o que é ensinado e comunicado. Segundo, porque a defesa de um certo passado é a trave-mestra de um grande sector de opinião com grande expressão no debate político do país, condicionando efectivamente o presente e qualquer futuro que se pretenda criar.

Estado da Nação: mais Espelho, menos Vitrine
Na semana em que na Assembleia Nacional iremos debater o Estado da Nação, é importante refletir no estado das pessoas e do país. Para além dos discursos políticos e visões ideológicas, há um país real que merece essa reflexão. O Estado da Nação deve ser o reflexo do que o povo sente, vive e espera.

Não bloquear o diálogo democrático com discursos extremados
Na próxima quinta-feira, 31 de Julho, vai ter lugar na Assembleia Nacional o último “Debate sobre o estado da Nação” desta legislatura. Praticamente em período pré-eleitoral – as eleições legislativas irão verificar-se em menos de um ano – o debate vai acontecer num momento pós-pandémico, com sinais de clara recuperação e crescimento económico do país e de desafios e incertezas causadas por tensões geopolíticas várias. Tensões essas que ameaçam as cadeias de valor e de abastecimento existentes e levantam mesmo o espectro de guerras potencialmente disruptivas das trocas comerciais globais, podendo traduzir-se em choques externos profundos com efeito na trajetória de desenvolvimento do país.

A Armadilha da Percepção: Quando a Narrativa Quer Matar a Realidade
Há dias, após a minha participação no programa Em Debate da TCV, onde fizemos a antevisão do Estado da Nação, fui interpelado por um cidadão. Fê-lo com respeito, mas também com uma inquietação que não passou despercebida. “Deputado, o nosso maior problema neste momento”, disse-me, “é que a perceção das pessoas está a ser capturada. Já não interessa o que o país está realmente a viver, interessa o que as pessoas estão a perceber.”

A Escassez de Mão-de-Obra Qualificada e o Impacto no Setor da Construção em Cabo Verde
A construção é um dos principais impulsionadores da economia de qualquer país, na medida em que cria empregos, gera rendimentos e contribui para a riqueza do país. A qualidade das infraestruturas é um dos indicadores que é utilizado pelas instituições internacionais para avaliar o nível de desenvolvimento económico e social de qualquer país.

Corsino Fortes: Dez Anos de Saudade do Poeta da Utopia
Assinala-se este mês o décimo aniversário da morte de Corsino Fortes, ocorrida a 24 de Julho de 2015. Poeta, diplomata e homem público cabo-verdiano, Corsino foi autor de uma obra literária marcante para a afirmação cultural pós-independência e ocupou cargos de destaque na diplomacia e na administração do país. Este artigo recorda a sua trajectória, as suas funções públicas e o legado que deixou nas letras e na cultura de Cabo Verde.

Responsabilidade de salvaguarda das instituições no respeito pela ordem constitucional
Ao longo das últimas semanas à volta das comemorações do dia nacional de Cabo Verde, o 5 de Julho, repetiu-se sempre uma pergunta em entrevistas, reportagens e pronunciamentos públicos: se valeu a pena a independência.

Falsos Messias com velhas fraquezas - Democratas de ocasião, estalinistas de formação
Cabo Verde celebrou este mês cinquenta anos de independência; em Janeiro faremos trinta e cinco anos de liberdade e democracia, mas temos mais de quinhentos anos de história, de tradições, de cultura, e, acima de tudo, de carácter e valores cabo-verdianos. São datas que merecem não só comemoração, mas também reflexão e a consciência que, por direito próprio, somos uma das democracias mais respeitadas de África.

A real leitura dos dados macroeconómicos: factos
É com alguma inquietação que se lê o texto publicado no Expresso das Ilhas, que contesta o artigo anteriormente publicado sobre "A real leitura dos dados macroeconómicos em Cabo Verde".

Repensar a Educação - Educação Inclusiva: Construir Pontes, Não Barreiras
Homenagem à Professora Gabriela Lopes da Silva Mariano (Santiago, 1935 –)

Acabar com o confronto entre o crioulo e o português
Controvérsias à volta do ensino da língua cabo-verdiana continuam. A introdução de um manual de língua e cultura cabo-verdiana no 10º tem levantado objecções várias de personalidades e particularmente de alguns membros da equipa de estudiosos que vem trabalhando no projecto de introdução do crioulo no sistema de ensino.

Graduação a País de Rendimento Médio-Alto: um marco, não um destino
Provavelmente não há melhor notícia para Cabo Verde nesta década do que o anúncio da sua graduação a país de rendimento médio-alto, reconhecida pelo Banco Mundial. Desde 1986, apenas cinco países no mundo conseguiram semelhante progressão. Em África, Cabo Verde junta-se a um grupo restrito de sete economias com esta classificação.

Kant e a Filosofia Crítica
Kant insere-se no movimento iluminista, que tinha submetido tudo ao tribunal da razão. Mas não tinha ela própria sido examinada quanto às suas possibilidades e limites, sendo essa crítica da razão que o filósofo empreende.

Um olhar holístico da criminalidade urbana
Para o sociólogo Émile Durkheim, o crime é um "facto social", um fenómeno que resulta das relações sociais e da estrutura da sociedade e não apenas de traços individuais. Em Durkheim a criminalidade é considerada como um fenómeno social.

Democracia e a não promoção da verdade
Segundo a autora do livro “Democracia e Verdade: Uma Breve História”, Sophia Rosenfeld, a democracia insiste na ideia de que a verdade é simultaneamente importante e ninguém pode dizer definitivamente o que ela é”. Para a historiadora isso significa que há uma tensão intrínseca à democracia que não é passível de solução porque ninguém detém a verdade e é sempre possível debater na busca por uma representação mais próxima da realidade.

O sonho e o silêncio: As duas faces do 5 de Julho
A 5 de Julho de 1975, Cabo Verde tornou-se independente. A bandeira foi hasteada, o hino entoado, e nasceu um sonho colectivo de dignidade e soberania. Mas, com a liberdade, chegou também o silêncio. A mesma data que simbolizou a emancipação marcou o início de uma nova forma de dominação – interna, ideológica e centralizadora. Instalou-se um regime de partido único que reprimiu o pluralismo, silenciou o debate e reduziu a cidadania à obediência. A esperança transformou-se em vigilância, e o Estado confundiu-se com o partido. A independência celebrou a soberania, mas condicionou a liberdade. Reconhecer essa ambivalência é essencial para compreender plenamente a história de Cabo Verde.

Cabo Verde: 500 anos de História, 50 anos de Independência, 5 Faróis com Visão um Futuro por todos e para todos
Cabo Verde celebra, neste mês de Julho de 2025, cinquenta anos de independência. Ao celebrarmos este marco histórico, registado nos pilares da História a 5 de Julho, não falamos apenas de 50 anos, falamos de 500. Porque Cabo Verde não começou em 1975 e cinco séculos de identidade coletiva não se podem apagar num reescrever ideológico da História.
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