Artigos de Manuel Brito-Semedo no nosso arquivo
O Manual de Língua e Cultura Cabo-Verdiana e a Grafia que Precipitou o Debate
O Parecer do Procurador-Geral da República, de 8 de Setembro de 2025, expôs o que muitos desconfiavam mas poucos ousavam dizer: ao adoptar uma ortografia única e funcional, o Manual de Língua e Cultura Cabo-Verdiana ultrapassou a lei, precipitou um facto consumado e empurrou a escrita do crioulo para um terreno sem legitimidade. O debate sobre a língua voltou à mesa – e desta vez não pode ser ignorado.
O respeito pela ética e pela deontologia reforça a confiança na advocacia - OACV
A Ordem dos Advogados assinalou, no dia 4 de Dezembro, 25 anos de existência. Foram duas décadas e meia de caminhada, de afirmação da justiça e de consolidação do Estado de Direito Democrático, garantindo que a justiça sirva o cidadão e que o advogado continue a ser a voz livre do Direito.
Obituário - Silêncio… Morreu o Maestro Vasco Martins
Silêncio. É assim que deve começar a despedida de quem fez da música um modo de estar no mundo. Morreu na madrugada do dia 27 de Novembro, Vasco Martins – maestro, compositor, homem discreto e de inquietação serena.
No Arquipélago, a Distância não é só Mar
Cabo Verde sempre viveu de encontros: de ilhas que se procuram, de mares que se atravessam, de vozes que se misturam. Mas, quando se trata de pensar o país, vivemos ainda demasiado separados. Falta-nos diálogo. Falta-nos escuta. Falta-nos confiança na nossa própria voz. Num arquipélago, ninguém chega longe sozinho.
Paulo Veiga, Presidente da Fundação Carlos Albertino Veiga: “O mar somos nós e nós somos o mar”
Em Cabo Verde, o mar é mais do que uma paisagem ou um horizonte longínquo – é memória, sustento e futuro. Desde sempre, o oceano moldou a forma de viver e de pensar das ilhas, determinou rotas e encontros, e continua hoje a ser a principal referência da identidade cabo-verdiana.
Tarrafal, o Silêncio que Faltava Contar
Jornalista e investigadora, Sandra Inês Cruz devolve voz aos últimos presos políticos de Cabo Verde, detidos no Campo de Chão Bom em 1975 – quando a liberdade já se proclamava em Portugal. No livro Tarrafal, 1975 – O Campo do Silêncio, publicado pelas Edições Afrontamento, reconstrói um dos episódios mais perturbadores da transição pós-colonial: a existência de uma prisão política activa depois do 25 de Abril. Com rigor e sensibilidade, a autora une jornalismo, história e ética para iluminar um silêncio que atravessou meio século.
Entre o esquecimento e o dever de recordar
No próximo sábado, 1 de Novembro, será apresentado em Lisboa o livro Tarrafal, 1975 – O Campo do Silêncio, da jornalista Sandra Inês Cruz, uma obra que devolve voz aos últimos presos políticos de Cabo Verde, silenciados entre o 25 de Abril português e a independência das ilhas. A partir dessa evocação, renova-se o debate sobre o sentido da liberdade, a manipulação da memória e o dever de transformar o antigo Campo de Trabalho de Chão Bom num verdadeiro lugar de resistência e de consciência histórica.
José Pina Delgado, Presidente do Tribunal Constitucional: “O que marca a actividade do Tribunal Constitucional nestes 10 anos de existência é, sobretudo, o recurso de amparo ”
No dia 15 de Outubro, Cabo Verde assinalou 10 anos da instalação do Tribunal Constitucional, criado em 2015. O caminho até ao Tribunal Constitucional foi longo. Em 1992, a Constituição atribuiu ao Supremo Tribunal de Justiça também funções constitucionais. Na revisão de 1999, fez-se a separação, criando-se um Tribunal Constitucional próprio, com competência exclusiva nas matérias constitucionais e na fixação de jurisprudência. Na revisão de 2010, os partidos com assento parlamentar acordaram a sua instalação nos moldes actuais. Só em 2015, o Tribunal foi efectivamente instalado, encerrando um debate que durou quase duas décadas sobre se devia haver um único órgão com funções judiciais e constitucionais, ou dois tribunais distintos. Hoje, este órgão é o guardião da nossa Constituição e dos direitos dos cidadãos. É este percurso que o seu actual presidente, José Pina Delgado, partilha e analisa no 2.º episódio de ‘Vozes e Histórias’, podcast lançado pelo Expresso das Ilhas e dinamizado por Manuel Brito-Semedo.
Dia da Cultura: Dois Fundadores da Literatura Cabo-verdiana
No dia 18 de Outubro, Cabo Verde celebra o Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, efeméride instituída em homenagem a Eugénio Tavares, poeta da Ilha Brava. Este é também o momento certo para lembrar outro escritor bravense, Guilherme Dantas, precursor da ficção cabo-verdiana, cuja obra permaneceu esquecida durante décadas. Juntos, representam duas faces fundadoras da literatura.
Per Tamm – O Sueco que Ajudou Cabo Verde a Nascer com Saúde
Faleceu no passado domingo, dia 7 de Outubro, em Nice, França, aos 81 anos de idade, Per Adolf Folkson Tamm, administrador sueco que dedicou parte essencial da sua vida ao povo de Cabo Verde.
Um diálogo entre Manuel Brito-Semedo e Rui Tavares
Vozes e Histórias é um podcast lançado pelo Expresso das Ilhas e dinamizado por Manuel Brito-Semedo e um convidado. Para este primeiro, o antropólogo, ensaísta e autor do livro Cabo Verde: Ilhas Crioulas – Da Cidade-Porto ao Porto-Cidade, chamou Rui Tavares, historiador, deputado do LIVRE e autor do livro Hipocritões e Olhigarcas – Passado e Futuro das Guerras Culturais. O objectivo é promover um diálogo esclarecedor entre dois autores que, partindo de geografias e experiências distintas, abordam temas convergentes: identidade, cultura, polarização e os desafios da convivência democrática.
Corsino Fortes: Dez Anos de Saudade do Poeta da Utopia
Assinala-se este mês o décimo aniversário da morte de Corsino Fortes, ocorrida a 24 de Julho de 2015. Poeta, diplomata e homem público cabo-verdiano, Corsino foi autor de uma obra literária marcante para a afirmação cultural pós-independência e ocupou cargos de destaque na diplomacia e na administração do país. Este artigo recorda a sua trajectória, as suas funções públicas e o legado que deixou nas letras e na cultura de Cabo Verde.
O sonho e o silêncio: As duas faces do 5 de Julho
A 5 de Julho de 1975, Cabo Verde tornou-se independente. A bandeira foi hasteada, o hino entoado, e nasceu um sonho colectivo de dignidade e soberania. Mas, com a liberdade, chegou também o silêncio. A mesma data que simbolizou a emancipação marcou o início de uma nova forma de dominação – interna, ideológica e centralizadora. Instalou-se um regime de partido único que reprimiu o pluralismo, silenciou o debate e reduziu a cidadania à obediência. A esperança transformou-se em vigilância, e o Estado confundiu-se com o partido. A independência celebrou a soberania, mas condicionou a liberdade. Reconhecer essa ambivalência é essencial para compreender plenamente a história de Cabo Verde.
Crioulo na Escola: Passo em Frente ou Tiro no Pé?
A introdução do crioulo no currículo escolar de Cabo Verde é, sem dúvida, um gesto significativo na afirmação da identidade nacional. Contudo, embora a iniciativa se apresente como uma valorização cultural, ela exige uma reflexão cuidadosa.
35 anos da Declaração Política do MpD: A Transição Política na Imprensa da Época
Nos últimos anos da década de 1980, enquanto os ventos da Perestroika sopravam sobre a Europa de Leste e regimes outrora inabaláveis começavam a ruir, Cabo Verde vivia o seu próprio momento de transição. O modelo de partido único mostrava sinais de desgaste, a sociedade civil revelava inquietação e a necessidade de um debate sobre o futuro do país tornava-se cada vez mais premente. Foi nesse contexto que Humberto Cardoso, sob os pseudónimos de Péricles Miranda e Tácito Monteiro, fez do jornal Terra Nova (Mindelo, 1975 –) a sua tribuna.
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