Artigos de Manuel Brito-Semedo no nosso arquivo

Corsino Fortes: Dez Anos de Saudade do Poeta da Utopia
Assinala-se este mês o décimo aniversário da morte de Corsino Fortes, ocorrida a 24 de Julho de 2015. Poeta, diplomata e homem público cabo-verdiano, Corsino foi autor de uma obra literária marcante para a afirmação cultural pós-independência e ocupou cargos de destaque na diplomacia e na administração do país. Este artigo recorda a sua trajectória, as suas funções públicas e o legado que deixou nas letras e na cultura de Cabo Verde.

O sonho e o silêncio: As duas faces do 5 de Julho
A 5 de Julho de 1975, Cabo Verde tornou-se independente. A bandeira foi hasteada, o hino entoado, e nasceu um sonho colectivo de dignidade e soberania. Mas, com a liberdade, chegou também o silêncio. A mesma data que simbolizou a emancipação marcou o início de uma nova forma de dominação – interna, ideológica e centralizadora. Instalou-se um regime de partido único que reprimiu o pluralismo, silenciou o debate e reduziu a cidadania à obediência. A esperança transformou-se em vigilância, e o Estado confundiu-se com o partido. A independência celebrou a soberania, mas condicionou a liberdade. Reconhecer essa ambivalência é essencial para compreender plenamente a história de Cabo Verde.

Crioulo na Escola: Passo em Frente ou Tiro no Pé?
A introdução do crioulo no currículo escolar de Cabo Verde é, sem dúvida, um gesto significativo na afirmação da identidade nacional. Contudo, embora a iniciativa se apresente como uma valorização cultural, ela exige uma reflexão cuidadosa.

35 anos da Declaração Política do MpD: A Transição Política na Imprensa da Época
Nos últimos anos da década de 1980, enquanto os ventos da Perestroika sopravam sobre a Europa de Leste e regimes outrora inabaláveis começavam a ruir, Cabo Verde vivia o seu próprio momento de transição. O modelo de partido único mostrava sinais de desgaste, a sociedade civil revelava inquietação e a necessidade de um debate sobre o futuro do país tornava-se cada vez mais premente. Foi nesse contexto que Humberto Cardoso, sob os pseudónimos de Péricles Miranda e Tácito Monteiro, fez do jornal Terra Nova (Mindelo, 1975 –) a sua tribuna.
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