Este desejo foi manifestado esta quinta-feira, por Filinto Elísio, um dos promotores do FLMSal, projeto também criado por José Luís Peixoto, Márcia Souto e Patrícia Pinto, cuja primeira edição teve lugar em 2017.
“Uma ambição implícita é transformar a ilha do Sal num grande pólo da cultura e da literatura de Cabo Verde. E uma outra dimensão mais ousada, mais atrevida, quiçá, mais utópica, uma referência internacional, no mapa desta temática específica”, exteriorizou Filinto Elísio, na cerimónia de abertura do evento literário.
“Fazer com que o Sal tenha o festival temático, de forte componente científica, mas num hibridismo que permita também o convívio, a festa literária, o encontro, a interacção, o diálogo, a intertextualidade… para nós é o sentido de festa, de estarmos juntos e de termos o espanto do conhecimento, enquanto literatura, definições de cânones”, completou.
Cancelado durante dois anos devido a pandemia da covid-19, a retoma do Festival da Literatura Mundo-Sal, que promove o convívio científico-literário, entre personalidades do mundo das letras, e já vai na sua IV edição, homenageia desta vez os escritores João Vário (Cabo Verde) e Amadou Hampâté Bá (Mali).
Promovido pela Câmara Municipal do Sal, com a Curadoria Científica da Professora Inocência Mata e a Organização da Rosa de Porcelana Editora, o festival propõe reflectir e debater o alargamento dos cânones literários, visibilizar as várias literaturas dos países e inscrever Cabo Verde na rede internacional da Literatura-Mundo.
Depois dos discursos de abertura, presidida pelo presidente da Câmara Municipal do Sal, Júlio Lopes, o ex-Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, dá o pontapé de saída ao primeiro painel, falando de Arménio Vieira, João Vário e Mário Fonseca: poetas que são literatura-mundo.
Mas antes desse painel, a professora Inocência Mata, uma das conferencistas, reapresentou o tema “Literatura-Mundo Comparada: para além do cânone – literatura-mundo como categoria desperiferizante”, onde voltou a defender que o cânone tem que ser um conceito aberto à diversidade, a outras sensibilidades.
À semelhança dos anos anteriores, escritores, editores, tradutores, professores, investigadores e leitores interessados, de várias paragens do mundo, participam de diferentes painéis de apresentação e mesas de trabalho sobre os fazeres literários definidos como Literatura-Mundo, para além de diálogos entre os participantes.
Além de escritores e professores cabo-verdianos, autores, estudiosos e investigadores da Alemanha, Brasil, Itália, Portugal e Senegal figuram entre os convidados para o encontro e o convívio científico-literário desta edição