Há estudos que provam que as pessoas que dormem após a vacinação aumentam, em média, a sua resposta imunológica em duas vezes. Contudo, conta o site zap.aeiou.pt, as razões biológicas que explicam este fenómeno foram muito pouco investigadas até agora.
Um estudo recente, levado a cabo pela LMU Munique, demonstrou agora que o sono promove o potencial das células imunitárias – as conhecidas células T – de migrarem para os gânglios linfáticos.
Segundo o EurekAlert, os cientistas analisaram repetidamente a concentração de vários subgrupos de células T no sangue de um grupo de homens e mulheres saudáveis ao longo de duas sessões de 24 horas. Numa de duas condições de teste, explica o site zap.aeiou.pt, os participantes dormiram, à noite, durante oito horas, enquanto na outra relaxaram na cama, permanecendo acordados. Um cateter no antebraço, ligado a uma sala através de um tubo, permitiu recolher sangue sem perturbar o sono dos voluntários.
A análise das amostras de sangue revelou diferenças significativas entre as condições de teste. Os resultados mostraram que o sono promove o potencial migratório de várias subpopulações de células T.
No fundo, o sono aumenta a migração das células T em direcção a uma proteína sinalizadora, a quimiocina CCL19.
Esta molécula medeia a migração das células T, que possuem o receptor correspondente para CCL19, para os gânglios linfáticos, onde as defesas imunitárias são “treinadas” ao serem apresentadas a antigénios – como, por exemplo, após a vacinação.
Numa segunda experiência, em laboratório, os cientistas verificaram que a incubação das células T com plasma sanguíneo retirado dos participantes que adormeceram também aumentou o potencial migratório.
Este resultado prova que é possível, de certa forma, recriar o efeito do sono em laboratório usando o plasma sanguíneo de pessoas que estão a dormir.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1163 de 13 de Março de 2024.