Sara Tavares: “Quero que as pessoas sintam”

Foi este o mote deixado pela artista, quando falava esta manhã aos jornalistas sobre os concertos que vai dar em Cabo Verde, no âmbito do Xinti Tour. A artista actua esta quinta-feira na Cidade da Praia e no sábado no Mindelo. Os concertos são promovidos pela 3B Produções.

Após uma interrupção "forçada", por motivos de doença, Sara Tavares regressa aos palcos para promover o álbum "Xinti", lançado em 2009.

Dois anos depois, a artista encontra-se em digressão, acompanhada pela sua banda. Para além das canções de "Xinti", Sara promete recordar temas dos discos anteriores.

Questionada sobre a particularidade de actuar em Cabo Verde, terra natal dos pais, a artista diz que: "é sempre especial estar em Cabo Verde, seja para trabalhar ou para estar com amigos".

Além disso, salienta a "sensação de pertença" ao país. Apesar de ter nascido em terras lusas, reitera que sempre se sentiu " uma portuguesa especial", já que a cultura e as tradições cabo-verdianas sempre foram muito intensas na sua vida."Há coisas que são genéticas", enfatizou.

Quanto ao regresso aos palcos, depois de quase dois anos de ausência, Sara Tavares revela estar surpresa e feliz com a "preocupação genuína" do público em relação ao seu estado de saúde. "Estão ansiosos por saber se eu estou bem. Nos primeiros momentos dos concertos, há uma celebração em torno do meu regresso", afirma. 

O Xinti Tour já passou por Portugal, Brasil e Angola. Quanto aos concertos em Cabo Verde, Sara Tavares deseja que o público aprecie o espectáculo. "Quero que as pessoas sintam", afirma, referindo que o álbum "Xinti", ao contrário do anterior "Balancé", foi produzido num momento em que não queria ter de explicar a sua música ou as suas origens. "Não queria ter de explicar o disco. Queria que as pessoas o sentissem", contou.

Ainda sobre as comparações entre o "Balancé" e o "Xinti", a artista explicou que os álbuns foram produzidos em momentos diferentes, o que a deixou satisfeita.     

"O Xinti é mais etéreo. Não leva a pensar, leva a sentir estados de alma, o que implicou uma sonoridade mais delicada que o Balancé, mais associado à afirmação da minha identidade e a algumas críticas sociais. Mas fiquei feliz por conseguir fazer algo diferente e mostrar que não é só festa. Posso fazer música para ouvir e sentir", comentou.

Aliás, seja com sonoridades fortes ou mais delicadas, Sara Tavares habituou o público com composições capazes de despertar sentimentos e estados de espírito intensos, seja pelas letras, seja pelas melodias.

Questionada se, quando está a compor, sente essa responsabilidade, a artista frisa que não é algo que se possa planear, mas assegura que há uma intenção.

"Não vejo isso como uma obrigação, mas mais como uma missão. Mas tenho a preocupação de que seja comida para a alma", explica.

Instada a deixar uma mensagem aos cabo-verdianos, Sara agradece o carinho do público em relação à sua pessoa e à sua arte.

O primeiro concerto da artista em Cabo Verde decorre esta quinta-feira, a partir das 21 horas, na Assembleia Nacional, Cidade da Praia.

No sábado, 19, Sara actua à mesma hora, no Largo do Mindelhotel, em São Vicente.

Na cidade da Praia, a abertura do espectáculo estará a cargo de Alberto Koening e Eunice Vieira. Em São Vicente, a produtora promete surpresas.

De acordo com a organização, os bilhetes já estão à venda e custam 1500$00 na Praia e 1000$00 em São Vicente, devido à diferenciação e capacidade dos espaços que vão acolher os concertos.

Fotos de Ulisses Moreira