No dia em que a Organização Não Governamental Atelier Mar celebrou 34 anos de existência, a 15 e Janeiro, foi reaberta a galeria Alternativa. Um local que segundo Leão Lopes, conquistou o seu espaço na sociedade mindelense.
“Para a nossa geração aqui em São Vicente, a Alternativa foi sempre um espaço marcante e por isso temos dificuldade em encerra-la. Sempre que a fechamos sentimos saudades e reabrimos às portas de novo”, explicou no acto de inauguração.
“Aquilo que fazíamos há 20 anos não temos a necessidade de o fazer agora, porque há outros grupos e outras iniciativas que criaram outros espaços”, entende Leão Lopes, também responsável do Atelier Mar.
“Somos um grupo de pessoas na área recreativa pluridisciplinar e temos sempre a possibilidade de inovar”, acrescenta.
“Neste momento estamos a promover a área do food design, ligado à escola de artes e através do conceito de design dos alimentos”, exemplifica.
Vinho do Fogo Candidato a Património Mundial do Gosto
A abertura da renovada Alternativa serviu também para relançar o projecto que pretende elevar o vinho do Fogo à categoria de Património Mundial do Gosto.
De acordo com Leão Lopes, o produto reúne todas as condições para ser aceite no restrito clube dos sabores de excepção.
“O vinho produzido do Fogo tem qualidade mundial e por isso deve ser reconhecido brevemente já que o processo se encontra em fase de conclusão”, esclarece.
Para o presidente da cooperativa de Viticultores de Chã das Caldeiras, no Fogo, os produtores estão esperançados em conseguir a o título, que pode significar um aumento da procura do produto.
“O nosso vinho é um vinho biológico sem produtos químicos, um produto bom que todos querem consumir. Está integrado no projecto Slow Food (associação internacional que atribui os galardões), que inclui produtos de boa qualidade, e estamos a trabalhar para ser reconhecido como património mundial de gosto”, ambiciona Rosandro Monteiro.
Mas a reabertura da Alternativa teve ainda um terceiro momento, com a apresentação dos novos rótulos das garrafas com o vinho da ilha do vulcão.
Tchalé Figueira, Leão Lopes e José Gomes emprestam o seu talento à imagem de um dos produtos mais genuínos de Cabo Verde.
O projecto Atelier Mar
Atelier Mar desenvolve programas de formação e pesquisa para a promoção e desenvolvimento das artes e ofícios em Cabo Verde.
Com 34 anos de existência a organização não Governamental, com sede no Mindelo, já consolidou vários projectos em todo o país que ajudaram no desenvolvimento de comunidades das ilhas de Santo Antão, São Vicente e São Nicolau.
Instado sobre os programas de formação desenvolvidos pela organização Leão Lopes destaca os trabalhos desenvolvidos na área da cerâmica, artes gráficas, audiovisuais, madeira, e pedra, que desenvolve uma pequena produção nas suas oficinas da Matiota, em Mindelo.
Reconhecido como ONG em 1987, o Atelier Mar actua desde então em projectos de animação e desenvolvimento local e assegura o funcionamento de um centro de animação cultural e tecnológica em Lajedos, Santo Antão, com programas no sector da educação básica, produção de materiais de construção civil com base nos recursos geológicos locais, transformação e alimentos e outras actividades sobretudo ligadas à cidadania.