Sábado é também, tradicionalmente, o dia dos designados ritmos quentes e o palco esteve ocupado com o axé do Brasil, através da banda Babado Novo e Mery Antunes, o reggae da Jamaica, com Capleton, e a coladeira, trazida por Grace Évora.
Houve ainda ritmos do Carnaval a cargo do músico sanvicentinos Vlu, numa mescla de cadência e compassos que mexeram e fizeram mexer os largos milhares de pessoas que se deslocaram à Baía das Gatas. Pelo meio houve fogo-de-artifício, mal Grace Évora concluiu a sua actuação, a tal surpresa prometida pela organização, num espectáculo que, durante10 minutos, iluminou o céu da Baía das Gatas, debaixo de uma forte ovação do público.
Houve também cumplicidades, como aquela estabelecida por Grace Évora com o público de São Vicente, com destaque para a claque de Salamansa, localidade próxima à Baía das Gatas e onde Grace Évora nasceu.
Salamansa está a dois passos da Baía das Gatas e na noite de sábado, com certeza, a maior parte da população terá assistido ao vivo ao espectáculo do “cantor da zona”.
Grace, do palco, retribuiu a morabeza enquanto percorria, em uma hora e trinta e oito minutos, os temas dos seus discos, o último dos quais um Best Off que homenageia a coladeira e o compositor Manuel d’ Novas.
Mery Antunes, por seu lado, a cantora da banda Babado Novo, do Brasil, estreia absoluta no festival, entrou com muita energia no palco e rapidamente conquistou a assistência com os sons do Nordeste do Brasil.
Através dela ficou-se a saber que o festival está a ser acompanhado em São Salvador da Baía (Brasil) através da emissão da Radio de Cabo Verde (RCV).
A banda, com 13 anos de existência e quatro discos gravados, aproveitou o palco da Baía das Gatas ainda para homenagear Cesária Évora através da interpretação da morna “Sodade”, numa espécie de português do Brasil misturado com o crioulo, na interpretação de Mery Antunes.
O 30º Festival de Música da Baía das Gatas, este ano dedicado à “Morna – nôs alma, nôs morabeza”, fica concluído na noite de hoje com as actuações, a partir das 18:00, de diversos grupos da ilha de São Vicentes, mas também de Chachi Carvalho (EUA), Djodje (Santiago) e Anselmo Ralph, este último que chega de Angola.
O Festival da Baía das Gatas teve a sua primeira edição no dia 18 de Agosto de 1984, é realizado anualmente na praia do mesmo nome, a oito quilómetros da cidade do Mindelo, e desde aquela data apenas em 1996 não se realizou, devido a uma epidemia de cólera que assolou Cabo Verde.
Anualmente a Câmara Municipal, que organiza o evento, reserva uma verba no orçamento municipal para fazer face às despesas com a logística, viagens e cachet de artistas de Cabo Verde e do estrangeiro.