A Companhia de Teatro Henriques Artes regressa hoje ao palco principal do Mindelact, desta feita com o monólogo “A órfã do Rei”, após apresentação em reposição na terça-feira, 23, da peça Hotel Komarka.
A história do monólogo “A órfã do Rei” narra a luta interior que Beatriz Constância, a actriz Mel Gamboa, trava consigo, quando em 1593 é anunciada a sua partida para o Reino de Angola.
Ali ela será uma das primeiras 12 órfãs do Rei, jovens portuguesas criadas em asilos reais, que ao atingirem a idade núbil, recebiam dote e um marido com emprego garantido no funcionalismo público em África.
“É um espectáculo despido de opinião, despido de posição, despido de qualquer tipo de acusação ou julgamento, é antes de tudo aquilo que para nós é impensado, desumano e aberrante”, lê-se na nota explicativa da peça, com duração prevista de 55 minutos, texto de José Mena Abrantes, encenação de Flávio Ferrão e interpretação de Mel Gamboa.
A protagonista, Mel Gamboa, de nome próprio Melakrini Olavo Gambôa, nasceu em Bucareste, na Roménia, filha de pai angolano e mãe romena e começou a fazer teatro em 1998 no grupo teatral Horizonte Nzinga Mbandi, como actividade extra-escolar e desde então nunca mais parou.
Em Madrid entre 2001 a 2003, manteve o seu desejo de continuar a fazer teatro e pertenceu ao grupo de Teatro Los Sobrinos del Mago de Oz como actriz e assistente de encenação/direçcão das peças infanto-juvenis "El Gnomo Jeromo" e "Los Evangelios Apócrifos".
Entre 2004 e 2005 regressa a casa, em Luanda e dedica-se ao teatro somente participando de alguns workshops e cursos de Artes Cénicas, e em 2006 integra o extinto grupo Manésema - Grupo de Dança e Percussão Contemporânea Africana, como relações públicas do grupo e mestre-de-cerimónias.
É no ano de 2007, no entanto, que Mel Gamboa dá efectivamente início a uma carreira tanto no teatro como em televisão, que mantém até os dias de hoje.
A programação para hoje do Mindelact reserva ainda a peça “Pessoa, pessoa!”, do Grupo de Teatro Somá Cambá, de São Vicente, no “Festival Off”, e o ilusionista Corsa na rubrica Contadores de Estória, do “Teatrolândia”.
A 20ª edição do festival, que teve início na sexta-feira, 19, dura duas semanas e prevê a realização de 42 espectáculos, mais seis que o ano passado e o maior de sempre, sendo o Centro Cultural do Mindelo (CCM) o palco principal dos espectáculos.
Além de Cabo Verde, vão subir aos palcos do Mindelact artistas de Angola, Bélgica, Marrocos, Espanha, Brasil, Itália e França.
Para além do palco principal e do “Teatrolândia”, este é um espaço dedicado ao público mais novo, a programação engloba um teatro que vai circular pelos diferentes bairros da cidade do Mindelo, teatro de periferia, assim como acções de formação, oficinas de teatro e intercâmbios entre os actores.