E deixo-os negros Mais negros Do que a noute brumosa.
Olho para as coisas E torno-as velhas Tão velhas A cair de carunchos.
Só charcos imundos Atestam no solo As pegadas do meu pisar E fica sempre rubro vermelho Todo o rio por onde me lavo.
E não poder fugir Não poder fugir nunca A este destino De dinamitar rochas Dentro do peito...
Girassol
Girassol Rasga a tua indecisão E liberta-te.
Vem colar O teu destino Ao suspiro Deste hirto jasmim Que foge ao vento Como Pensamento perdido.
Aderido Aos teus flancos Singram navios.
Navios sem mares Sem rumos De velas rotas.
Amanheceu!
Orça o teu leme E entra em mim Antes que o Sol Te desoriente Girassol!
De boca a barlavento
I
Esta a minha mão de milho & marulho Este o sól a gema E não o esboroar do osso na bigorna E embora O deserto abocanhe a minha carne de homem E caranguejos devorem esta mão de semear Há sempre Pela artéria do meu sangue que g o t e j a De comarca em comarca A árvore E o arbusto Que arrastam As vogais e os ditongos para dentro das violas
II
Poeta! todo o poema: geometria de sangue & fonema Escuto Escuta
Um pilão fala árvores de fruto ao meio do dia E tambores erguem na colina Um coração de terra batida E lon longe Do marulho á viola fria Reconheço o bemol Da mão doméstica Que solfeja
Mar & monção mar & matrimónio Pão pedra palmo de terra Pão & património
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