O Expresso das Ilhas saiu à rua para saber qual o balanço que as pessoas fazem da Cultura durante 2017 e qual a perspectiva para o ano 2018. A avaliação é positiva, com os nossos entrevistados a afirmarem que a Cultura este ano esteve muito bem.
Segundo o vereador da Câmara Municipal da Praia, António Lopes da Silva, este ano foi muito rico culturalmente e surpreendeu. Até porque a cidade da Praia passou a fazer parte da Rede de Cidades Criativas da UNESCO.
“A cidade da Praia foi classificada como a segunda cidade mais cool da África, fazemos parte da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na área da música. Isso dá-nos mais alento para trabalharmos e implica um programa muito mais forte durante quatro anos”, destacou.
O fotógrafo Zé Pereira faz uma avaliação positiva deste ano em termos de cultura pelas actividades e produções culturais desenvolvidas. “O ano de 2017 parece-me destacar-se dos anteriores nomeadamente em termos de produção literária. Basta vermos que só as editoras Rosa de Porcelana e a Livraria Pedro Cardoso editaram aproximadamente 30 obras”.
O dançarino e coreógrafo Bruno Amarante (Djam) caracterizou este ano como sendo de reformas, com algumas polémicas pelo meio. “Ainda falta arrumar a casa, em todos os lados: do lado dos produtores, das organizações-instituições competentes e dos fazedores e criadores. Penso que falta no fundo reconhecer que os colectivos deveriam dialogar mais com as estruturas responsáveis por esta pasta”.
Já para o artesão Gelson Monteiro, 2017 foi um ano que considera ‘normal’. “Fiz experiências com muitas pessoas, passei a conhecer muitas coisas. Não tenho que reclamar, o meu trabalho está a ser bem aceite no mercado, estou nessa área há quatro anos, ainda estou a gatinhar no mundo do artesanato”.
Actividades
Em termos de agenda cultural, António Lopes da Silva destaca que a edilidade praiense cumpriu todas as actividades que programou e realizou outros eventos que estavam fora do programa como a Green Night, uma noite especial para dar boas vindas aos participantes do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, e o show do sambista brasileiro Dudu Nobre.
Mais ainda, “realizou-se o VII Encontro de Escritores da Língua Portuguesa. De resto realizamos todas as actividades que temos vindo a efectuar. Este ano na Noite Branca, o Plateau transformou-se num grande palco com milhares de pessoas. Estamos quase no fim do ano e vamos realizar a festa da virada de ano na zona da Kebra Canela com Djodje, Elida Almeida, Fidjus de Code di Dona, Primitive e alguns jovens da cidade”, sublinhou.
Ainda conforme António Lopes da Silva, este ano aconteceram outras actividades. “Na parte literária, aconteceu o Morabeza – Festa do Livro, e quase todas as semanas assistimos ao lançamento de livros. Tudo isto mostra que a Praia está a ganhar uma dinâmica cultural muito forte. Estamos a preparar-nos para termos um Carnaval cada vez melhor. Na área do teatro, este ano foi realizado o Festival Nacional de Teatro. Esteve aqui na Praia em articulação com o Centro Cultural Português a extensão do Mindelact com algumas peças de teatro. São áreas que ainda temos que trabalhar muito. O Festival Internacional de Cinema da Praia (Plateau) este ano teve uma adesão espectacular”.
Das actividades desenvol-vidas durante este ano, Zé Pereira destacou o Festival Internacional da Literatura realizado na ilha do Sal, o Festival Literário Morabeza Festa do Livro que aconteceu na cidade da Praia e ainda a Feira Nacional de Artesanato em São Vicente. “Para além desses eventos que já fazem parte da nossa agenda cultural anual como o Mindelact, o Festival de Cinema da Praia, o Festival de Cinema Oiá em São Vicente, o Kavala Fresk Feastival, as festas tradicionais e populares em cada uma das ilhas”.
Perspectivas para 2018
O edil praiense afirma que vão fechar o ano com chave de ouro e que no próximo ano, a Câmara da Praia irá realizar várias outras actividades culturais.
Para o próximo ano, o fotógrafo Zé Pereira espera que as coisas continuem na mesma linha, “com os eventos culturais cada vez com mais e melhor qualidade e nível de resultados, um percurso bastante satisfatório e de aprendizagem que daí resulta. Será sempre possível fazer melhor e acredito igualmente que assim irá acontecer. Continuaremos melhor a cada novo ano e seremos mais ricos culturalmente”.
Também o artesão Gelson Monteiro espera que no ano 2018 as coisas sejam ainda melhores e exorta: “Nós, os artesãos, precisamos valorizar os produtos naturais antes de comprarmos os produtos industrializados”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 839 de 27 de Dezembro de 2017.