Morro da Mangueira, aproximadamente a década de 20. O morro começa a nascer e o chegar de pessoas que mais tarde virão a construir a sua identidade é uma marcada realidade.
Chegam as primeiras famílias, que por dificuldades financeiras, abandonam o centro e fixam-se nas periferias…nos morros emergentes…. onde a então “malandragem” e o Samba, faziam o cenário e a música da Mangueira.
Entre as várias famílias que se mudaram para a Mangueira, encontra-se a de Argenor de Oliveira, mais conhecido por Cartola, que se viria a juntar a mais jovens e, à volta do Samba, vão compondo, escrevendo, musicando, sonhando e vivendo.
Assim, por volta do início da década de 30, Cartola e o não menos famoso Carlos Cachaça, acabam por fundar uma escola de Samba…nascia então o que hoje é a “Estação Primeira da Mangueira”, hoje provavelmente uma das maiores referências do Carnaval Brasileiro.
A “verde e rosa” (cores escolhidas por Cartola) vai crescendo, se afirmando no Samba, assim como o seu fundador e compositor principal. As composições do “mestre do samba” vão sendo cada vez mais interpretadas por nomes já conhecidos da cena musical brasileira, onde as letras vão-se impondo pelo seu valor.
Simples, porém profundas, abordam quase sempre a alegria de viver, o morro, os amores e claro…tudo isso com o famoso rendilhar da “malandragem”.
São várias as composições que poderíamos enaltecer aqui, pela sua beleza musical e lírica, porém seria injusto não destacar temas como “As rosas não falam”, “O mundo é um moinho”, “Alvorada”, “O sol nascerá”, ou “Quem me vê sorrindo”.
No nosso habitual “ gira-discos”, a opção vai para o álbum “ Cartola” de 1976, da etiqueta “Marcus Pereira”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 845 de 07 de Fevereiro de 2018.