Cabo Verde, segundo informou hoje à Inforpress o director-geral das Artes e das Indústrias Criativas, Adilson Gomes, participou nesta edição com 12 projectos, que transmitiam uma visão contemporânea das realidades sociopolíticas e culturais do país.
Depois da selecção, a Éden produções – produtora do documentário, vai receber 5,5 mil contos para a produção deste documentário com uma duração de 52 minutos, estipulado pela organização, e cuja execução estará a cargo dos realizadores Celeste Fortes e Edson Silva.
Em declarações à Inforpress, Celeste Fortes, que é docente e investigadora na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), lembrou que este é o seu primeiro trabalho como realizadora de documentário.
Esclareceu, entretanto, que sua primeira aventura no mundo do audiovisual aconteceu há oito anos, com a realização de uma curta-metragem para um trabalho académico, que aborda a questão de “Emigração feminina e o envio de bidão” .
Através do projecto seleccionado, “Bidon: Nação Ilhéu”, a realizadora faz uma abordagem ao nível audiovisual de como os cabo-verdianos vivem permanentemente em contacto com o mundo a partir da emigração e como é que este mundo chega às nossas casas a partir do envio de bidão.
Conforme disse, em Cabo Verde existe um elemento fundamental na cultura e na história que é envio de bidão (barril com géneros alimentícios, vestuários, entre outros) para suprir as necessidades das famílias que estão no país de origem.
“O nosso objectivo é abordar não só a dimensão audiovisual na imigração, mas também com foco na emigração feminina”, disse.
Relativamente à questão da emigração feminina, Celeste Fortes explicou que a ideia é retractar a problemática do exercício da maternidade que, muitas vezes, levam as mulheres a saírem do país e a viverem essa “maternidade transnacional” e à distância com as suas famílias e os seus filhos, através de envio de bidões.
“Esses bidões são uma metáfora da própria mãe, isto é, temos o objectivo de personificar a mãe ausente a partir da presença de um bidão. Ela não consegue vir ver o seu filho sempre, porque tem o objectivo de sustentar os seus filhos e compensa essa ausência com o envio de bidões”, acrescentou.
Formada em Antropologia, esta amante do cinema almeja, futuramente, transformar toda a sua investigação feita no campo em Antropologia, particularmente na questão de família e género, num recurso audiovisual.
A nível da CPLP, a DOCTV III seleccionou nove projectos inéditos para apoiar, designadamente: “Elinga teatro 1988/2008” , de Paulo Azevedo (Angola); “Entre a Porta e a Rua”, de Rafael Figueiredo (Brasil); “Bidon: Nação Ilhéu”, de Celeste Fortes (Cabo Verde); “Bijagó o Tesuro Sagrado”, de Domingos Sanca (Guiné Bissau) e “Ritmo de Ida e Volta”, de Ngolo Leticia Idabe Makuale (Guiné Equatorial).
De Moçambique foi seleccionado o projecto “A experiência de Moçambique na Gestão de mudanças climáticas 2000-2018″ , de Tânia Machonisse, de Portugal “Margot Dias, uma viagem aos Macondes de Moçambique”, de Catarina Alves Costa; de São Tomé e Príncipe, ” O Estado Crioulo de África”, de Teodora de Ceita da Luz Martins e de Timor Leste, “Música da Resistência”, de Francisca Maia.
Segundo a organização, durante a fase de inscrição a comissão de selecção, constituída por António Ole (Angola), Leonor Silveira, (Portugal), Tatiana Cobbett, em representação de Adélia Sampaio (Brasil), Leão Lopes (Cabo Verde) e Flora Gomes (Guiné Bissau) analisaram 192 projectos, a que corresponde um aumento de 38% relativamente à edição anterior.
Das candidaturas apresentadas, realçaram o facto de 1/3 dos projectos serem da autoria de mulheres realizadoras.
No âmbito deste concurso, o realizador e o produtor vão participar na Oficina de Desenho Criativo de Produção, a ser realizada na última semana de Maio de 2018, altura em que ocorrerá a assinatura do Contrato de Co-produção de Obra Audiovisual para Televisão.
Os vencedores vão ter estreia mundial em faixa nobre de programação e até duas reprises do documentário nas emissoras públicas de televisão componentes da Rede CPLP Audiovisual, em período a ser definido em Novembro de 2018.