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Já dos finais de 80 teve a difícil missão de substituir um certo ambiente de experimentalidade do também grande “The Unforgettable Fire”. Digo difícil pois o grupo passava, com “Joshua Tree” para uma abordagem muito mais orgânica e um som muito mais cru. Muitos dos críticos especializados aguardavam a nova postura da banda, mas na verdade saia para o mercado, o que, na minha opinião, foi e será um dos álbuns de sempre da história da música. Ainda hoje um dos mais vendidos do mundo. Na verdade há-de de o ser sempre.
Contudo, a parte desta visão que obviamente vim a adquirir com o tempo, fruto dos vários anos de ligação à música, o mais belo deste álbum é exactamente a recordação que guardei da primeira vez que o ouvi, ainda sem a capacidade crítica de agora. Um brinquedo que me marcou e que guardo para sempre.
Continuando, se agora, é na verdade o álbum que marcou uma mexida na sonoridade dos U2, tonando-a muito menos “ambiental”, na altura, quando discutíamos e trocávamos opiniões entre o “grupo-de-miúdos-que-estava-sempre-a-procura-de-vinis-novos”, era na verdade um dos álbuns que mais nos encantou…o nosso álbum.
Sem sabermos porquê, ouvíamos vezes sem conta, mexia connosco e passava toda a energia musical nele contida para um grupo de miúdos, aos quais Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. nunca pensaram chegar…
Pois…não será esse um dos poderes da música – por nos entrar, sem pedir licença, e fazer com que atinjamos elevados estados de alma, sem nem sequer nos preocuparmos em perguntar como tudo aconteceu.
É, com toda a certeza!
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 876 de 12 de Setembro de 2018.
