Marlene Monteiro Freitas estreia hoje coreografia "Mal - Embriaguez Divina" em Lisboa

PorLusa,24 set 2020 7:34

Marlene Monteiro Freitas
Marlene Monteiro Freitas

A coreografia "Mal - Embriaguez Divina", de Marlene Monteiro Freitas, com múltiplas referências às ambivalências do mal, do sádico ao cometido com boas intenções, tem hoje estreia nacional na Culturgest, em Lisboa.

Depois da estreia mundial em agosto, em Hamburgo, no Internationales Sommerfestival 2020, a mais recente criação da premiada coreógrafa cabo-verdiana estará no palco da Culturgest hoje, na sexta-feira e no sábado, e nos dias 29 e 30 de Outubro, no Rivoli - Teatro Municipal do Porto.

O título desta criação de Marlene Monteiro Freitas - baseado na obra "La littérature et le mal" ("A Literatura e o mal"), de George Bataille - faz múltiplas referências à ambivalência do mal, que pode significar mal-estar, desconforto, dor, sofrimento, agonia, tristeza, tormento, carência, horror, mas também o mal em si mesmo.

Por outro lado, “Embriaguez Divina” marca o mal como "um estado de delusão divina, de êxtase dionisíaco", segundo a descrição de um texto da Culturgest.

Em palco, "um grupo de pessoas - para explorar as várias formas do mal - afoga-se num mar de papel e transforma-se num coro, numa tribuna, numa tonalidade prenunciadora de melancolia, [e] é assaltado por visões, ao mesmo tempo que permanece observado e vigiado", acrescenta o texto de apresentação.

Segundo a coreógrafa, citada neste texto: "A forma como Bataille escreve sobre o mal emociona-me muito. Por exemplo, quando ele distingue entre o mal sádico e o mal cometido com boas intenções; ou entre o mal em si, e a forma do diabo. O diabo pode ser engraçado. Ele esgueira-se e brinca connosco. Se as coisas não fossem tão más, o diabo seria um personagem ótimo, divertido e colorido. Gosto muito de todas essas pequenas variações do mal".

"Mal - Embriaguez Divina" tem coreografia de Marlene Monteiro Freitas e, como intérpretes, Andreas Merk, Betty Tchomanga, Francisco Rolo, Henri “Cookie” Lesguillier, Hsin-Yi Hsiang, Joãozinho da Costa, Mariana Tembe, Majd Feddah e Miguel Filipe.

O desenho de luz e espaço é de Yannick Fouassier, o apoio à criação do espaço de Miguel Figueira, a direcção de cena de André Calado, o desenho de som de Rui Dâmaso, a pesquisa de Marlene Monteiro Freitas e João Francisco Figueira, a dramaturgia de Martin Valdés-Stauber.

A peça tem produção de P.OR.K (Bruna Antonelli, Sandra Azevedo, Soraia Gonçalves - Lisboa) e Münchner Kammerspiele (Munique)

A coreógrafa - que tem sido considerada pela crítica de dança como uma das vozes mais originais da actualidade, galardoada com o Leão de Prata da Bienal de Veneza, em 2018 - cria "mundos opulentos e poéticos" e inspira-se em motivos mitológicos, ao mesmo tempo que brinca com referências da alta cultura e da cultura pop, como fez, por exemplo, em "Marfim e carne — As estátuas também sofrem" (2014) e "Bacantes - Prelúdio para uma Purga" (2017).

Marlene Monteiro Freitas, 40 anos, nasceu em Cabo Verde, onde cofundou o grupo de dança Compass e é cofundadora da P.OR.K, estrutura de produção sediada em Lisboa.

Em 2018, quando foi galardoada com o Leão de Prata da Bienal de Veneza, pela carreira, o júri destacou a “presença electrizante e o poder dionisíaco” das suas produções, considerando-a “uma das mais talentosas da sua geração”, interessada na “metamorfose e deformação”, que “trabalha mais com as emoções do que [com] os conceitos, e que apaga as fronteiras do que é esteticamente correto”.

O seu trabalho, que combina por vezes o drama e a comédia, elogiado pela crítica internacional pela expressividade e criatividade, tem sido apresentado em vários países, desde Portugal aos Estados Unidos, Canadá, Israel, Espanha, Itália e Coreia do Sul.

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Autoria:Lusa,24 set 2020 7:34

Editado porSara Almeida  em  24 set 2020 15:33

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