Quino foi o criador de histórias em banda desenhada mais traduzido da língua espanhola. O seu nome ficará para sempre ligado à mais famosa das suas personagens: Mafalda, a menina contestatária, refilona, pessimista, sempre com as suas metáforas sobre problemas políticos e sociais.
Filho de emigrantes espanhóis, nascido em 1932 em Guaymallén, Argentina, Joaquín Salvador Lavado desenhou e publicou vários livros de desenho gráfico para um público mais adulto, nos quais predomina um humor corrosivo e negro sobre a realidade social e política.
Face a graves problemas de saúde — foi sujeito a seis operações cirúrgicas em apenas 10 anos — deixou de desenhar, com regularidade, em 2006.
Em 2014, venceu o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades.
Actualmente, residia na Argentina, onde estava ao cuidado dos sobrinhos desde Novembro de 2017, após a morte de sua esposa, Alicia Colombo, reporta o El País.
Mafalda, a terrível Mafalda
Apesar de ter sido criada em 1962 a famosa personagem de banda desenhada só apareceu pela primeira vez - carrancuda, com farta cabeleira negra - a 29 de Setembro de 1964, no semanário argentino Primera Plana.
Filha de uma família da classe média argentina, Mafalda questiona a Humanidade e a existência da sopa, de dedo em riste e quase sempre com um ar preocupado. Uma "heroína zangada que recusa o mundo tal como ele é", descreveu Umberto Eco em 1969.
Quino foi publicando as tiras de BD da Mafalda - e de uma galeria de personagens que inclui Manelito, Filipe, Susanita, Miguelito, Liberdade e uma tartaruga chamada Burocracia - ao longo de nove anos e em vários jornais, ao mesmo tempo que mantinha o trabalho no desenho gráfico de humor.
Contra a maré de sucesso, o autor decidiu não mais publicar as tiras semanais a 25 de Junho de 1973, abrindo exceções para pedidos especiais, como quando desenhou Mafalda, em 1977, para uma campanha da UNICEF para os direitos das crianças.