O “Ka Bu Skeci Tradison” terá o seu pré-lançamento na plataforma Muzka, e na sexta-feira, 4, estará em todas as plataformas digitais. “O single vai ter um pré-lançamento no canal Muzka, que é uma plataforma de streaming cabo-verdiano. Antecipamos este lançamento para impulsionar a plataforma e como uma forma de valorizar a produção nacional”, avisa o artista.
Numa entrevista ao jornal Expresso das Ilhas, Djam Neguin conta que o single é uma espécie de chamada de atenção para a importância de olharmos para a nossa origem, ancestralidade e raízes. “A música aborda um tema que é central no nosso percurso enquanto povo crioulo, que é a emigração, esse desejo de partir e uma relação muito de mistério com o que há além-mar”.
“E é sempre o desejo de procura de melhores condições de vida, só que aqui a diferença é que se na maior parte das narrativas que existe sobre a emigração a ideia é sempre a ida para o mundo ocidental europeu e americano, nesta música a ida é para um outro universo, ou seja, um universo metafísico ou mesmo fora do planeta terra”, explica.
O artista calcula que seria interessante imaginar elementos da cultura cabo-verdiana nesse universo, “então esta música começa na viagem ao passado, porque o CV-Futurismo que é uma corrente estética que estou a propor inspira-se no Afro-Futurismo, que é voltar para o passado para recuperar toda a sabedoria ancestral, a própria história do povo africano que sofreu um apagamento a partir do tráfico de escravos transatlântico, porque esses seres humanos tinham vida e vieram em povos e pouco sabemos sobre isso, e valorizar também toda essa identidade e a identidade dessa ancestralidade”.
Este EP, conforme explica, terá cinco faixas musicais e foi produzido por dois músicos cabo-verdianos Heber Santos e Phill Araújo, em guitarra e coro. A produção do clipe e também da produção geral do artista é da empresa Soulart. “Duas faixas são feitas por um beatmaker nigeriano e mais duas que vou fazer em Lisboa com um produtor cabo-verdiano”.
O seu primeiro EP de Djam Neguin foi lançado em 2018. “Vejo a música como um caminho de performance, de trazer a possibilidade de falar deste assunto”.
Além deste projecto de EP, Djam Neguin conta que vai trabalhar com a coreógrafa Clara Andermatt no espectáculo de homenagem ao músico cabo-verdiano, Pantera, a estrear em Março, em Lisboa, e depois disso vai fazer uma digressão para Portugal e outros países e para Cabo Verde prevê-se que seja em Outubro.
O seu foco para este ano, conforme explica, será trabalhar o CV-Futurismo e conseguir expandi-lo o máximo que puder em todos os meios de comunicação social.
Nascido na cidade da Praia, cedo revelou as suas aptidões ao se destacar nas actividades recreativas. A sua mudança para Portugal, onde viveu até aos 19 anos, foi essencial para o desenvolvimento das suas aptidões.
Desde 2011, ano em que regressa à sua cidade natal, vem produzindo e realizado vários projectos, sobretudo ligados à arte. É director e criador de inúmeros eventos como: Monday Jazz, Hip Hop Summer Fest, Festival internacional de Dança Contemporânea Kontornu, Konkursu Nacional de Hip Hop, a Gala Mostra de Dança, o Kebra Cabana Urban Battle.
Djam Neguin já coreografou e participou nos mais conceituados acontecimentos culturais, destacando o Cabo Verde Music Awards, Prémio Nacional de Publicidade, Gala Somos Cabo-Verde, Kriol Jazz Festival, Festival Mindelact, TED X, Badja ku Sol, de entre outros.
O artista já representou Cabo Verde, leccionou e apresentou os seus trabalhos artísticos em paísescomo Portugal, Espanha, Moçambique, Itália, Estados Unidos da América, Holanda e Brasil.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1053 de 2 de Fevereiro de 2022.