Segundo Jair Fernandes, o local onde o museu está situado – nas traseiras do Arquivo Nacional – “não tem as condições físicas e estruturais” necessárias para as exposições temáticas que o Museu de Arqueologia está destinado a oferecer ao público. A mudança para o Palácio da Cultura Ildo Lobo será concluída nas próximas semanas.
“Neste momento, estamos a fazer a transladação provisória das exposições do Museu de Arqueologia da Praia para o Palácio da Cultura Ildo Lobo, considerando a centralidade do mesmo, mas também por razões de segurança”, precisou o presidente do IPC.
Neste sentido, lembrou que o ministro Abraão Vicente já tinha anunciado que o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas está a negociar com um privado para a reabilitação de um edifício no centro histórico da Praia, no Platô, que será o futuro Museu de Arqueologia de Cabo Verde, “o que pressupõe que a mudança da instalação será provisória”.
De acordo com Jair Fernandes, o objectivo é ter a exposição no Palácio da Cultura até à criação das condições necessárias para um novo sítio, que melhor represente o espólio que Cabo Verde tem. O presidente do IPC frisou que, brevemente, será feita a apresentação da nova exposição e da nova centralidade que se quer para o museu, por ser o um dos sítios “mais procurados” pelos operadores do turismo de cruzeiro.
Ainda sobre os museus, para 2022, o presidente do IPC destacou alguns projectos a serem implementados, como é o caso da revitalização do Museu Norberto Tavares em Santa Catarina e do Museu do Sal.
Quanto ao Museu do Sal, avançou que a ideia é transformá-lo num museu nacional, tendo em conta que o “Sal sempre foi entendido como uma ilha porta de entrada de Cabo Verde” e que o museu que hoje existe naquela ilha, “infelizmente, não cumpre cabalmente esta função de dar a conhecer todas as ilhas de Cabo Verde num só espaço”.
Um outro projecto, segundo Jair Fernandes, tem que ver com a transformação do Museu do Mar em São Vicente em Museu da Cidade do Mindelo, voltado um pouco para as práticas culturais de São Vicente, como o Carnaval, as artes plásticas, mandingas, entre outras, mas também para a componente das “grandes figuras do Mindelo.
“É este o conceito do projecto que conta com o financiamento alavancado a partir do Banco Mundial e terá um impacto extremamente importante, se consideramos que também São Vicente pode e deve posicionar-se enquanto outra porta de entrada de Cabo Verde, neste caso, marítimo. A nossa ideia é fazer coincidir os grandes eventos previstos para os próximos anos em São Vicente, com a reinauguração deste conceito de museu”, explicou.
Para a ilha da Boa Vista, prevê-se a criação do Núcleo do Museu de Arqueologia Subaquática, juntando o que é a reabilitação e valorização do Forte Duque de Bragança e o antigo edifício da Alfândega, situado na Praia Diante, em frente ao ilhéu. Este projecto conta com financiamento garantido, numa parceria com a Direcção Nacional do Ambiente e no quadro do projecto europeu para a região da Macaronésia que é o “Mergulhar 2”.
Na Cidade da Praia, conforme Jair Fernandes, há também todo um trabalho que tem sido feito com o inventário do acervo do Museu a nível nacional, assim como as exposições temáticas que anualmente têm sido trabalhadas no Museu Etnográfico da Praia.
No Campo de Concentração do Tarrafal, que em 2021, com a reabilitação do edifício, recebeu um “grande número de visitantes (4.215)” nacionais e estrangeiros, o IPC pretende este ano, em conjunto com o Arquivo Nacional de Cabo Verde, implementar o projecto da exposição dos documentos proibidos pelo regime da altura.
Todo esse trabalho é a continuação do que tem vindo a ser feito, disse aquele responsável, justificando que, por causa da conjuntura pandémica que se vive, o IPC teve que “obstaculizar a implementação do Plano de Educação Patrimonial”, e tendo assegurado que o documento será finalizado e este ano irá ser apresentado, em parceria com a Fundação Amílcar Cabral e com a Direcção Nacional da Educação.
Outro projecto que terá continuidade é a experiência feita com a Associação Amigos de Safende, com a criação do Museu Comunitário, dando acesso, através da educação não formal e informal e a penetração deste conceito museológico nos diferentes bairros, tendo já uma localidade identificada, a de São Francisco.