Cantor e compositor, Sana Pappers trouxe os estilos Blues,Jazz e Pop à sociedade cabo-verdiana. Humorista, por natureza, não pára um minuto sem contar piadas e mostrar o seu lado de brincalhão. Por causa disso já conquistou a simpatia de muitas pessoas mas também, já se deu muito mal. Eis a história de quem se diz “um eterno fã dos Beatles”, grupo de pop/rock inglês.
Tadeu Manuel Fontes nasceu a 31 de Julho de 1951, no Platô, zona histórica da cidade da Praia, onde continua a viver com a sua esposa Maria Filomena Fontes. Tido como um dos maiores humoristas de Cabo Verde, Sana Pappers, o nome que ganhou na adolescência, não precisa fazer esforço para conseguir arrancar risos das pessoas que dele se aproximam.
Na sua mocidade, Sana, com o seu jeito de brincalhão que herdou do pai, conquistou o coração de muitas crioulas, inclusive, uma estrangeira mas as relações amorosas nunca passavam de aventuras. Só com 32 anos a sua mulher conseguiu o arrastar para o altar, depois de apenas um mês de namoro. Deste casamento nasceu o seu único filho, a quem baptizou com o nome de John Lennon, seu ídolo musical. O fanatismo pelo fundador dos Beatles era tal que até o bolo do primeiro aniversário do menino tinha a forma de uma viola, com a imitação da assinatura do célebre cantor e compositor britânico, assassinado em 1980,
Em Março de 1973, Sana foi para a ilha de São Vicente, onde recebeu formação militar, durante 24 meses.
De regresso à capital começou a trabalhar como auxiliar técnico de topografia, no antigo MDR (agora INIDA). Mas, a música, que considera ser parte da sua vida, falou mais alto. Habituado a ouvir música em casa, desde criança, Sana foi ganhando o gosto por essa área, seguindo as pegadas do pai.
Assumindo-se como fã dos Beatles, Sana trouxe este conceito ao público cabo-verdiano e continua a promover a imagem desse grupo de pop/rock inglês nos lugares onde dá espectáculos. Apesar de não ter conseguido sucessos na sua carreira musical, sem único disco gravado, Sana Pappers considera ser dono de uma voz invejável que consegue interpretar vários estilos musicas. “Não há conjunto, na Praia, que toca o estilo rock Blues e Jazz como a minha banda. É o grupo mais completo que há, no país”, garante o cantor que, além desses estilos internacionais, interpreta funaná e coladeira.
De entre as suas composições cita “Bo ka tem vergonha” (coladeira), que garante ter dado “grande show” no primeiro festival Baia das Gatas,
Não só o gosto pela música e cães fazem parte da vida de Sana mas também a praia do mar. Aliás foi por causa do mar que foi apelidado de “Sana Pappers” quando tinha 16 anos. Conta que estava se afogando atrás Praia do Ilheu (Djéu), depois de um pequeno de barco, com cerca de três metros, ter virado, acenou e foi socorrido por uns pescadores.
Mesmo com esse episódio, não passou a odiar o mar e, muito por contrário: até já foi professor de vela e, em 1992 foi as Canárias representar Cabo Verde nos Jogos do Atlântico, no desporto náutico.
SANA CANTA PRAIA
Hha Cidadi Dja Bira Curral, de Sana Peppers é um batuque balanceado estilo fokmusic. É a face obscura de Praia Maria é Bonita. O que em Codé di Dona é grandioso e sublime aqui é drama e lamento que se desenrola aos olhos do compositor sem esperanças que a sua cidade renasça do lixo e dos buracos em que se afundou.
NHA CIDADI DJA BIRA CURRAL
Coro Hô ia, ho ia ia ia
Nha guenti pachéncha
Nha cidadi di Praia Maria
Na pundi ‘nâci, qui n’ cria
Dja bira curral.
Bu ta sai pa bu anda,
Bu tem qui toma cuidado
Pâ bu ca quebra pé.
Sujo ta tchera fedi
Na tempo antigo
Sima el era airosa;
Góci djé bira mal cheirosa.
Coro Nha cidadi dja bira curral
Letra e música de Sana Peppers (2000)