Christian Lima conta que a ideia original vai buscar inspiração na sonoridade dos agrupamentos musicais dos anos 1990 Enigma e Urban Cookie Collective.
“O projeto cruza referências do Xamanismo, do Hinduísmo, do Neo Platonismo, da Filosofia de Plotino, do Gnosticismo, e da Espiritualidade Africana, vulgarmente conhecida por Animismo. O projecto faz uma alusão ao Xamanismo, prática ancestral tão remota quanto a consciência do homem. A vertente xamânica é explorada através da práxis mágico-filosófica, englobando um estado de transe e interação entre a personagem e o ambiente”, explicou.
O artista acrescenta ainda que a personagem é na verdade uma extensão do ambiente, e vice-versa. Ao explorar o ambiente, ela conhece a si mesma e a própria Divindade.
A curta-metragem, que complementa o projecto, cruza referências de várias correntes filosóficas e espirituais, deixando a sua ambiência transparecer a crença de que não há separação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Físico [ou Material].
“A Estética Africana é explorada em termos do visual e da ambiência do projecto que nos remete, anatomicamente falando, para a estatuária africana, pois o performer pretende emular o estatuesco da arte escultórica africana e o transe extático das danças ritualísticas africanas. A construção da personagem é suportada pela estética de beleza da Tribo Karo da Etiópia. Os Karo pintam seus rostos e corpos com uma mistura de giz pulverizado branco, entre outros materiais, como uma parte valiosa de festejos ligados à dança, a fertilidade e a cerimónias relacionadas com as suas crenças. As tribos Efik, Xhosa, Pondo e Woodabe também serviram de inspiração para a composição plástica da personagem”.
A conceção e execução da pintura corporal do projecto “TORNA ATXA” esteve a cargo da artista plástica Simone Spencer. As fotografias e as filmagens estiveram a cargo do fotógrafo\artista audiovisual Sandro Fonseca.
A identidade cabo-verdiana na concepção estética da exposição fotográfica está representada pela presença dos idiofones 1 do crioulo da ilha de Santiago que intitula, designam e denominam as fotografias.
O conceito dos idiofones na exposição fotográfica foi delineado e adaptado pela linguista cabo-verdiana Ana Karina Moreira, Doutora em Ciências da Linguagem, mestre em Crioulística e Língua Cabo-verdiana e Professora Auxiliar na Uni-CV.
Lançamento do projecto “Torna Atxa” e abertura da exposição será no espaço de exposições do Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia.