Segundo o artista nesta exposição irá abordar o mar. “Em Cabo Verde, o oceano é um local marginal de subsistência, apesar da sua grande extensão, catorze vezes maior do que o território terrestre”.
“Como resultado de sistemas alimentares coloniais inadequados e falta de assistência à população, Cabo Verde sofreu várias fomes ao longo de sua história com perdas humanas catastróficas, às vezes devastando metade da população. Apesar da sua enorme reserva biológica e potencial criativo, o mar ainda é um lugar ambíguo no imaginário cabo- verdiano, ora fugaz, ora traumático”, realça.
O artista visual citou que impulsionado pelo trauma e pelo potencial do oceano, este trabalho explora novos horizontes do mar. Por meio da produção de cianotipias o artista busca uma linguagem visual regenerativa.
“Os materiais de origem, lixo oceânico, são: redes de pesca, grades de plástico, fios de nylon, sacos de plástico, detritos de plástico, etc. Seu processo é metódico, mas indeterminado. O resultado é complexo e etéreo, onde vemos os vestígios das coisas originais, partidas e soltas, detritos sem forma, mas que, no gesto artístico renascem como coisas novas”, explica.
Conforme a mesma fonte, o Blue Womb faz parte de um projecto de pesquisa maior que considera o complexo e vasto oceano, a sua ecologia, economia e estética em um lugar/cultura dominado por uma mentalidade agrícola. “Investiga a política alimentar ao longo da história e na política contemporânea e questiona as continuidades coloniais da extração marinha na costa oeste africana”.