“Com esta partida de Manuel Figueira agigantam-se, nele personificadas na plenitude, décadas de enriquecimento da Cultura da Cabo Verde, com tanto de singularidade e criatividade quanto de discrição “, escreveu Jorge Tolentino na sua rede social Facebook.
Segundo Jorge Tolentino, não é possível falar das Artes Plásticas do arquipélago sem referir “esse pioneiro”: “Desde cedo, o seu nome revestiu-se de uma justificada aura de respeito, prestígio e estima. Figura sobejamente conhecida, em particular no seu Mindelo de sempre. Há uma geração que cresceu com o privilégio e o orgulho de o saber por perto. Gozava de enorme respeito também lá fora, mormente junto de quem bem sabe o que é Arte. Aliás, o seu atelier era uma janela aberta ao mundo, ao universal”, vincou Jorge Tolentino.
Referindo-se ao contributo dado pelo artista ao artesanato cabo-verdiano, o antigo ministro da Cultura de um dos governo de José Maria Neves recorda que ainda “lá longe nos arrancos da Independência Nacional”, Manuel figueira “ensinou a soletrar ‘Resistência’ cultural e, ombro a ombro com Luísa Queirós e Bela Duarte, fundaram a Cooperativa de tão expressivo nome e de gloriosas memórias”.
“E fizeram escola, fecunda escola, para benefício de várias gerações e, naturalmente, também do país no seu todo. O trabalho de recolha e registo então feito por várias funduras culturais deste país é, mais do que pioneiro, simplesmente inestimável. Feito com entrega, com paixão, com sentido de compromisso com a Arte, com a Cultura”, escreveu Jorge Tolentino.
O artista plástico e um dos mentores do antigo Centro Nacional de Artesanato faleceu hoje, no Mindelo, aos 85 anos.