A directora do Património Imaterial, Carla Semedo, afirmou em entrevista ao Expresso das Ilhas que pretendem realizar várias actividades viradas para a área da educação patrimonial, nas escolas por forma que a morna apareça, quer enquanto um bem presente no quotidiano das pessoas, mas também como um bem que pode ser discutido, analisado e interpretado a nível científico.
“A intenção do IPC está muito virada para a questão da educação patrimonial, ou seja, além de criar condições para realização de apoios e iniciativas de concertos, mas também de criar condições para que dinâmicas que visem promover ou desenvolver nos estudantes, jovens, adolescentes e crianças esse sentido e essa responsabilidade cultural. O primeiro é de saber por que é que a morna foi classificada como património da humanidade, e porquê que ela nos constitui enquanto pessoa e faz parte da cultura cabo-verdiana”, realça.
Carla Semedo informou que vão realizar duas actividades nas escolas secundárias para levar a discussão sobre a morna no espaço educacional e também para permitir que os jovens se apropriem dessa discussão e surgirem talentos.
“Enquadrada na semana do Dia Nacional da Morna, temos duas actividades, sendo uma, na escola Secundária de Salineiro, em Ribeira Grande de Santiago e outra na escola Secundária Fulgêncio Tavares, em São Domingos, que visam promover e levar no âmbito do projecto de educação patrimonial Morna na Kumunidadi para várias localidades do país”, refere.
A proposta do IPC para 2024, conforme informou, entre outras actividades, é a promoção, ou levar a discussão sobre a morna, mas de uma forma mais científica, ou seja, promover debates e realização de eventos científicos relativamente aos estudos culturais em Cabo Verde, pegando no caso da morna.
A diretora do Património Imaterial disse que ideia é explicar o quê que os técnicos do IPC têm feito relactivamente à morna e levar os praticantes como os compositores e intérpretes que estão neste momento a produzir, de uma forma mais profissional, a partilhar como os estudantes, as suas experiências e vivências enquanto artista da morna.
O IPC, segundo Carla Semedo pretende em 2024 publicar uma brochura, que visa imortalizar mornas emblemáticas, ou seja, “a ideia é recolher e fazer o levantamento de várias mornas que têm a ver com temáticas que atravessam o ciclo de vida dos cabo-verdianos como a emigração, a saudade e o amor.
Para a publicação da brochura o IPC vai criar um documento onde as câmaras municipais poderão dar o seu contributo. “Para esta brochura já existe um projecto e temáticas identificadas e a partir daí vamos identificar as mornas que têm a ver com temáticas como vivências do povo cabo-verdiano, cujas mensagens nos remetem para uma região ou uma ilha”, conclui Carla Semedo.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1149 de 6 de Dezembro de 2023.