Segundo uma nota enviada, a iniciativa, inserida no projecto Resistência e Afirmação Cultural, esta residência artistica reúne jovens criadores de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, numa experiência colectiva que culminará a 12 de Setembro com um espectáculo multidisciplinar no Centro Cultural Moçambique-China.
O projecto visa investigar e recriar manifestações artísticas ocorridas durante o processo de libertação colonial dos PALOP e de Timor-Leste, assim como durante as lutas antifascistas em Portugal, promovendo uma releitura crítica da produção cultural.
Para esta residência, organizada numa parceria entre a Associação Cultural Scala e a Khuzula, foram recebidas mais de uma centena de candidaturas de artistas dos sete países.
A mesma fonte sublinha que o espectáculo final, que cruza teatro, música, dança e poesia, reunirá em palco mais de 50 intervenientes, entre residentes e outros moçambicanos que integram a banda e asseguram toda a produção técnica.
"O produto final será filmado e documentado, para que, mais tarde, integre a plataforma digital CASA, uma biblioteca virtual das artes performativas dos países envolvidos no projecto", indica.
Natural da ilha do Sal e radicada na Praia, Suaila Lima leva 20 anos de dança para esta criação colectiva. Licenciada em Educação Artística, integra as companhias Raiz di Polon e Mon na Roda, esta última dedicada à dança inclusiva. Versátil, move-se entre a contemporaneidade e as danças tradicionais cabo-verdianas, leccionando há seis anos e apresentando-se em actos internacionais que a consolidaram como referência no panorama cultural de Cabo Verde.
Do lado da música, Yacine Rosa, natural de São Filipe (Fogo), traz a sua voz moldada pela morna, coladeira e até pelo fado. Iniciou-se aos 14 anos no coro Santa Cecília e cedo se afirmou em palcos como o Mindelact (2011) e o Vozes das Ilhas (2012).
A sua carreira, com incursões internacionais, está marcada por temas como Gratidão (2021) e Fidju de um Deus Menor (2022), composições que reafirmam a vitalidade da música cabo-verdiana.
Além das cabo verdianas, a residência artística em Maputo junta Géssica Pedro e Odeth Cassilva de Angola, Janice Candé, Osvaldo Netos e Eugénia Lopes da Guiné-Bissau, Luís Fernandes, Carolina Monteiro e Francisco Vieira de Portugal, Shelcia Mac e Leia Nhambe de Moçambique, Vanessa Faray e Eduardo Lourenço de São Tomé e Príncipe, bem como Olga Boavida e Orlanda Mendonça de Timor-Leste.
A mesma fonte explica que o projecto Resistência e Afirmação Cultural é coordenado pela Associação Cultural Scala, de Moçambique, e reúne sete instituições dos países de língua portuguesa.
A residência artística conta com o apoio do Procultura, uma acção do programa PALOP–TL e UE, financiada pela União Europeia, co-financiada e gerida pelo Camões, I.P., e co-financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, que dispõe de um orçamento total de 19 milhões de euros e tem como objectivo contribuir para a criação de emprego nas actividades geradoras de rendimento na economia cultural e criativa nos PALOP e em Timor-Leste.
O projecto conta ainda com o apoio estratégico do Ministério da Educação e Cultura de Moçambique e da Rede de Centros Culturais Portugueses nos PALOP, entre outros parceiros locais.