Orgulhosos do que representam para a música nacional e do percurso que já tiveram ao longo destas duas décadas e meio de actividade, os Cordas do Sol revisitam sucessos de álbuns anteriores e apresentam também temas mais recentes.
Luxemburgo, Roma, Suíça, Holanda e Paris foram alguns dos palcos que acolheram, em Abril e Maio deste ano, os concertos de celebração, junto das comunidades cabo-verdianas nesses países.
Em entrevista ao Expresso das Ilhas, Arlindo Évora, um dos membros do grupo, explicou que as comemoração dos 25 anos do grupo tiveram início no ano passado, com uma digressão pela Europa, para saudar todos os que apoiaram o Cordas do Sol ao longo da trajectória, sobretudo fora de Cabo Verde.
“Fizemos digressão nos principais países como Luxemburgo, Rotterdam, Roma, Paris e Suíça. Depois regressamos a Cabo Verde para retomar a nossa agenda de concertos. Neste momento, estamos num período de reflexão e, em breve, iniciaremos a segunda etapa de comemorações com concertos a nível nacional”, revelou.
Segundo Arlindo Évora, as celebrações vão decorrer ao longo de dois anos, durante os quais o grupo pretende realizar digressão em Portugal, Espanha, Suécia e outros países europeus e também nos Estados Unidos da América.
Em Cabo Verde, o grupo pretende lançar uma agenda de concertos, ainda sem datas confirmadas. Que deverão passar pelas ilhas de São Vicente, Sal, Santiago, Boa Vista e Santo Antão.
Para Arlindo Évora, a comemoração dos 25 anos de carreira tem sido “muito boa” e carregada de emoção. “Há 25 anos que movimentamos muita emoção, tínhamos muitos jovens que aderiram a esse projecto, hoje os que tinham 20 anos estão com 45, aqueles que tinham 30, hoje já estão com 55, então é uma emoção muito grande dentro do espectáculo do Cordas do Sol, com todas as salas esgotadas”.
A banda promete preparar cada espectaculo com muito cuidado, para que os cabo-verdianos revivam os momentos marcantes da sua história e se sintam parte desta celebração. “Então, vão repetir os momentos, ao ouvir os clássicos, após vários anos, por isso que queremos preparar os espectáculos com muita calma”.
Uma carreira de 25 anos
Arlindo Évora conta que a banda percorreu um longo caminho, repleto de aprendizagem e experiências. Cordas do Sol é tipo uma escola, com momentos de aprendizagem, de aprender a lidar com a saída de alguns músicos e de entrada de novos elementos.
“Aprendemos com as saídas e entradas de novos elementos, que só valoriza quem sai e quem entra para ter oportunidade de estar numa banda, que tem um percurso sólido. Aqui funcionamos tipo uma escola, aqueles que por algum motivo saem do grupo, vão com um aprendizado e uma história. E é uma das lembranças muito boas desses 25 anos”, destaca.
Entre as memórias mais marcantes, o músico realça os momentos de emoção vividos com o público e a evolução da banda através dos seus álbuns.
“Desde o primeiro disco, Sintanton, passando por Mari Joana, pela compilação regravada, Lume de Lenha e, mais recentemente, Na Montanha, cada trabalho representa um pedaço da nossa identidade. Em cada tema, saboreamos a reacção do público de Cabo Verde e de tantos outros países por onde passámos”, recorda.
Além de actuar em várias ilhas do arquipélago, o grupo já se apresentou em diversas cidades internacionais, levando consigo a música tradicional da ilha das montanhas.
“Hoje em dia, muitas pessoas já conhecem o Cordas do Sol, a nossa música. Só temos que agradecer a Santo Antão, em primeiro lugar, que nos deu toda a inspiração, depois toda a valorização de amigos, família e pessoas de Cabo Verde, que têm sentido que vale a pena estar ao lado da banda”, destaca.
O músico recorda ainda que, ao longo dos anos, alguns membros deixaram o grupo, enquanto outros se juntaram, mas o DNA do Cordas do Sol permanece intacto.
“Quando entra um novo elemento, trabalhamos até que ele esteja ao nível da banda. Essa coesão e respeito são essenciais para a longevidade de qualquer projecto”, frisa.
Com disciplina e espírito de equipa, disse que o grupo mantém a harmonia que sempre o caracteriza.
“No palco, não há individualidade. Tudo é feito em conjunto, com cada um a dar o seu melhor para complementar o outro. É isso que mantém viva a nossa força e a nossa essência”, afirma.
Durante esses 25 anos de carreira, disse que o grupo tem mostrado que são uma família, e que no palco não há individualidades. “Todo o trabalho que fazemos é em conjunto”.
Por isso, sublinhou que o grupo mantém essa força, porque a música perdeu muito, porque há muito individualismo, protagonismo de indivíduos que procuram sobressair, por razões várias, porque todos querem ser melhores que o outro.
“Mas dentro do Cordas do Sol é uma sensação diferente, após um show é algo impressionante, a emoção é compartilhada com muita energia positiva. Então, isso nos faz sentir prontos para o próximo espectáculo”, assegura.
Momentos marcantes
Entre as muitas experiências vividas, o músico destaca uma digressão no Brasil, que considera inesquecível.
“Foi a maior digressão de sempre de uma banda cabo-verdiana no Brasil. Foi uma experiência incrível. O país é muito rico culturalmente e musicalmente, e essa troca foi uma grande lição de partilha e respeito”, afirmou.
O grupo já realizou digressões pela Europa e pela América e agora pretende explorar novos mercados africanos, embora Arlindo reconheça que isso exige preparação.
“É preciso estudar o mercado, contactar, planificar e garantir que tudo corre bem. São processos que requerem um investimento muito forte”, conclui.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1251 de 19 de Novembro de 2025.
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