Dinamo de Kiev, Patriotismo e a II Guerra mundial

PorLeonardo Cunha,4 mar 2022 8:57

Quando assistimos ao resultado da solidariedade mundial com o povo da Ucrânia, após a invasão russa na passada semana, verificamos várias organizações e atletas (principalmente ucranianos) a manifestar-se ativamente nas redes sociais. O caso mais mediático é a dos célebres boxeadores irmão Klitschko. Segundo a imprensa, os dois irmãos pegaram em armas e foram para a frente de batalha para proteger a sua família e o seu país.

Estamos no início de uma comovente história de patriotismo na Ucrânia. A história do futebol mundial inclui milhares de episódios emocionantes e comoventes, mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dínamo de Kiev nos anos 40 e o infame “jogo da morte”. Os jogadores do FC Start (nome clandestino do Dínamo de Kiev), são referenciados pelo seu exemplo de coragem é a sua história é ensinada nas Escolas.

Tudo começou em 19 de setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (capital ucraniana) foi ocupada pelo exército nazi. A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazis, e durante os meses seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra. Como o Dínamo de Kiev tinha o seu nome proibido, deram um novo nome de FC Start, que por contactos alemães começou a desafiar a equipas de soldados inimigos e selecções formadas no III Reich.

Em 7 de junho de 1942, jogaram a sua primeira partida. Após a equipa ter vencido por goleadas todas as equipas que enfrentavam (incluindo as melhores equipas alemãs), de Berlim chegou uma ordem de assassinar todos os elementos da equipa. Contudo, como a superioridade da raça ariana, em particular no desporto, era uma obsessão para Hitler e os altos comandos, antes de fuzilá-los, queriam derrotar a equipa num jogo.

Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a vingança para 9 de agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial da SS entrou no vestiário e disse em russo: -” Serei o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado”, exigindo que eles efetuassem a saudação dos nazis.

Já no campo, os jogadores do Start (camisa vermelha e calção branco) levantaram o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer: -”Heil Hitler !”, gritaram — “Fizculthura !”, uma expressão soviética que proclamava a cultura física. “Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo” ameaçou outro oficial da SS.

No final da partida, ganharam por 5 a 3, onde a Gestapo visitou a equipa nos seus locais de trabalho. Quase todos os elementos da equipa foram mortos entre torturas e fuzilamentos, sendo que Goncharenko e Sviridovsky, foram os únicos sobreviventes. Há uma fotografia de lembrançaque conserva da heroica equipa do Dínamo de Kiev e o nome destes jogadores.

Os jogadores jogaram uma partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados, no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e honra, que não encontra, pelo seu dramatismo, outro caso similar no mundo. Os espectadores possuidores de bilhetes daquela fatídica partida têm direito a assento gratuito no estádio do Dínamo de Kiev. Nesse estádio uma placa diz “Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazi”.

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Autoria:Leonardo Cunha,4 mar 2022 8:57

Editado porAndre Amaral  em  5 mar 2022 8:31

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