Serviço promete libertar emigrantes do stress das Alfândegas

PorAdilson Pereira,10 set 2017 6:34

Há três meses, Logística e Desembaraço de Mercadorias para Emigrantes (LDME) deu os seus primeiros passos, materializando um projecto, vocacionado para atender o público emigrante, concebido por Tomaz Moreira e Belmira Sanches.

Esta iniciativa privada actua na prestação de serviços diversos aos emigrantes. Desde despacho de cargas, mercadorias, encomendas, passando pelas transações comerciais, agenciamento de documentos, inclusive questões de foro legal como casamento e divórcio.

De acordo com o promotor deste empreendimento, Tomaz Moreira, o que se pretende é devolver as férias aos emigrantes, mantê-los longe do estresse e das filas burocráticas das Alfândegas e das repartições públicas.

“Permitir que as férias em Cabo Verde sejam de facto momentos aprazíveis e de tranquilidade junto dos familiares e não de excursões aos serviços das alfândegas ou qualquer outro serviço”, explica Tomaz Moreira.

Diz mais: “O objectivo principal é descongestionar todos os serviços que atrasam os emigrantes e o façam perder tempo quando estão aqui no país de férias.”

A emigração dos cabo-verdianos é antiga. Recorrentes também são as queixas sobre o serviço prestado pelas Alfândegas dos que regressam ao país de férias. Tempo de espera, fila, mau atendimento, extravios de cargas, taxas alfandegárias elevadas, entre outras reclamações.

Na hora de abalada, a dificuldade prende-se com a obtenção dos vistos, enquanto na da chegada ao país os constrangimentos registam-se na entrada das bagagens, cargas, mercadorias, carro, bens.

O foco da empresa está então direccionado para a prestação de serviços para a comunidade emigrada. “É uma assistência de serviços para emigrantes. Assistimo-los no desembaraço das cargas, carro, casa, contentores de cargas, entre outros”, aponta Tomaz Moreira.

Facilitar a vida ao emigrante de visita ao país é a palavra-chave, libertando-o como referido do stress ligado ao despacho das cargas nas Alfândegas. “Normalmente passam às vezes um mês aqui e quando falta apenas um dia para partirem é que conseguem despachar um carro ou uma carga que trouxeram para lhes servir no gozo das férias”, realça o gerente Tomaz Moreira.

“Vêm com os carros para passar as férias mas não conseguem despachá-los a tempo”, diz Tomaz Moreira

Segundo Tomaz Moreira, os trâmites para a obtenção de uma licença de construção nas Câmaras fazem com que muitas vezes um emigrante tenha que regressar ao país de acolhimento sem que realize o seu objectivo.

A visão é assim de uma parceria com todos os serviços/instituições que os emigrantes necessitam como uma forma de os servir bem e eficientemente.

Mais do que possibilitar o gozo das férias aos emigrantes, esta iniciativa, garante Tomaz Moreira, incentivará também os emigrantes a enviar os seus bens/cargas para Cabo Verde mediante um atendimento diferenciado.

 

Melhores condições para o emigrante

Emigrante em Nice, França, Belmira Sanches veio a Cabo Verde para promover este tipo de serviço aos conterrâneos radicados fora do país. “Enquanto emigrante senti na pele esta necessidade, de ter um serviço na minha terra para solucionar os constrangimentos ligados a envios de mercadorias, inclusive solicitação e encaminhamento de documentos nas instituições, representação nas relações comerciais”, diz Belmira Sanches.

“Reparei que existe despachante oficial para as cargas que exigem despachos, mas não há despachantes para pequenas encomendas. Neste domínio não há uma prestação de serviço”, reforça Tomaz Moreira.

“Fazemos mais serviços. Cuidamos das casas dos emigrantes. Fazemos arrendamentos, divórcio, casamentos”, indica Tomaz Moreira, enaltecendo que futuramente a iniciativa tem a ambição de se expandir para fora do território nacional.

“Começarmos a recolher bens e mercadorias dos emigrantes na Europa ou onde quer que esteja para procedermos ao despacho e entrega nas casas dos emigrantes aqui em Cabo Verde, no Tarrafal, nas ilhas, em qualquer destino dentro do país”, perspectiva Tomaz Moreira.

Para além de alargar o serviço para toda a Europa e América, onde houver a diáspora cabo-verdiana, no futuro, o serviço pretende também criar uma plataforma online no sentido de proporcionar maior eficácia e eficiência. Por enquanto, o serviço funciona com base nas redes sociais e telefone.

 

Estabelecer parcerias para melhor servir

Para além da boa recepção das entidades públicas, a iniciativa vai beneficiar de parcerias concretas, quer com a Direcção-Geral das Comunidades (DGC), ou o Ministério das Finanças (MF), através da Direcção-Geral da Receita do Tesouro (DGRT), quer com a Câmara Municipal da Praia (CMP).

Segundo adiantou o autor do projecto, a colaboração da DGC prende-se com a sua divulgação junto da comunidade emigrada. “Acharam que este é o momento fulcral para a efectivação deste projecto. Disponibilizaram-se a dar-nos todo o apoio relativamente à divulgação no seio da comunidade emigrada desta empresa”, diz Moreira.

O encontro com o vereador da Câmara Municipal da Praia, Rafael Fernandes, no passado mês de Junho foi o primeiro passo para uma parceria no sentido de disponibilizar um balcão único para emigrante na câmara.

“Por exemplo, podemos obter uma licença de construção em vinte e quatro horas sendo que muitas vezes os emigrantes vêm e voltam sem a conseguir”, salienta.

Neste momento, a Logística e Desembaraço de Mercadorias para Emigrantes (LDME) já dispõe de balcão único no Porto da Praia, associado aos serviços das Alfândegas.

Segundo o sócio-gerente da iniciativa, Tomaz Moreira, trata-se de um balcão que vai facilitar e agilizar o pagamento para o emigrante. “Os despachos dos emigrantes vão ser mais rápidos. Vamos actuar como elo de ligação entre as Alfândegas e os emigrantes”, assegura.

A fim de garantir uma melhor representação dos emigrantes pela LDME, a DGRT está a promover um encontro, neste mês de Setembro, entre os doze despachantes da cidade da Praia, a Enapor, as Alfândegas, Câmara Municipal da Praia e o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 823 de 06 de Setembro de 2017. 

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Autoria:Adilson Pereira,10 set 2017 6:34

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  11 set 2017 11:59

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