“Apesar de o PIB da região ir acelerar para 3,9% em 2018, sustentado pelo aumento dos preços do petróleo e pelas melhores condições climatéricas, o crescimento vai continuar abaixo do potencial e dos níveis necessários para criar emprego e aumentar o rendimento 'per capita'", comentou um vice-presidente da Moody's e co-autor do relatório sobre o perfil de crédito dos bancos africanos, Constantinos Kypreos.
O abrandamento económico "afecta os perfis de crédito dos bancos através da grande e crescente exposição a títulos governamentais, da reduzida capacidade dos governos para ajudarem os bancos em dificuldades e do aumento do crédito malparado", vincou o economista na apresentação do relatório.
"As condições macroeconómicas vão continuar difíceis na maioria dos países africanos, apesar de os bancos deverem manter capitais e almofadas de liquidez em moeda local sólidas", acrescentou o analista.
A análise foi feita a 41 bancos em 11 países africanos, dos quais apenas o Banco Angolano de Investimentos foi contemplado entre os lusófonos.
No que diz respeito a Angola, a Moody's afirma que os seis itens de avaliação (Ambiente Operacional, Risco dos Activos, Capital, Lucros, Financiamento e Liquidez, e Apoio Governamental) estão todos a deteriorar-se, sendo aliás o único país africano onde isto acontece.
"Os bancos angolanos vão continuar a enfrentar fraca qualidade do crédito, bem como riscos de gestão e desafios de cumprimento das regras", afirma o documento, que nota ainda que, exceptuando o Egipto, Angola é o país onde a percentagem de exposição ao Governo versus o património líquido ['equity', no original em inglês] é maior, com mais de 250%.
"As economias não diversificadas, como Angola, e os elevados níveis de dívida comprometem a capacidade do Governo para imprimir estímulos orçamentais", conclui o documento.