"Muitas economias emergentes e mercados de fronteira devem ver um declínio sem precedentes na actividade económica, com muitos países a retomarem os níveis de actividade pré-crise só em 2022 ou depois, no seguimento da pandemia do novo coronavírus", lê-se num relatório hoje enviado aos investidores.
No documento, a que a Lusa teve acesso, a Moody's diz que "a recuperação vai ser prolongada e desigual depois do desconfinamento, com os países dependentes de matérias-primas e do turismo a enfrentarem desafios ainda maiores" e alertar que "a consolidação orçamental a seguir à pandemia será lenta", o que significa que "os níveis de dívida pública vão continuar elevados para além de 2020".
Entre os países mais afectados na África subsaariana estão Cabo Verde e Angola, dois países lusófonos onde o turismo e a exportação de petróleo representam uma parte significativa da receita fiscal.
"Do ponto de vista da análise sobre a qualidade do crédito soberano, o impacto da pandemia manifestou-se através de três canais principais: crescimento mais lento e uma forte deterioração nas métricas orçamentais e de dívida, queda dos preços do petróleo e aceso reduzido ao financiamento", lê-se no documento.
Para a Moody's, só cerca de 40% dos países que têm uma avaliação abaixo da recomendação de investimento ('lixo', como normalmente é conhecido) deverão estabilizar ou descer os níveis de dívida em 2021, o que significa que "o choque do novo coronavírus está a precipitar um significativo aumento da vulnerabilidade externa e do risco de liquidez".
No total, há 76 países emergentes que estão classificados no nível Ba1 ou mais baixo, estando cerca de 40% dos países sem recomendação de investimento em África e no Médio Oriente.