Recentemente, o líder da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, indicou que uma subida de 50 pontos base "está em cima da mesa na reunião de Maio", depois de em Março o banco central ter anunciado um aumento de 25 pontos base, a primeira subida das taxas de juro desde 2018.
No entanto, na passada quinta-feira foi divulgada uma inesperada contração da economia norte-americana no primeiro trimestre, o que complica a tarefa da Fed.
Alguns economistas alertaram recentemente para a possibilidade de uma recessão a curto prazo, apontando vários factores, a começar pela inflação em níveis que não eram registados desde o início dos anos de 1980. É preciso esperar pelo segundo trimestre para saber.
No primeiro trimestre, os preços no consumidor subiram 6,3% em termos homólogos, segundo o índice de inflação PCE, que é o mais seguido pela Fed.
Na Europa, a inflação tem igualmente atingido níveis que não eram vistos há várias décadas, o que se deve, sobretudo, ao aumento do preço dos combustíveis. Em Abril, a taxa de inflação subiu para 7,5% na zona euro, segundo uma estimativa rápida do Eurostat.
Mas, na sua última reunião, em 14 de Abril, o Banco Central Europeu (BCE) ainda não se mostrou explícito sobre o início da subida das taxas de juro, apesar de a guerra na Ucrânia ter acelerado o aumento de preços.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) afirmou já depois da reunião, numa entrevista à CBS, que prevê que a instituição conclua as compras de dívida "no início do terceiro trimestre" e que depois analise uma possível subida das taxas de juro na zona euro.
Christine Lagarde insistiu que a inflação na zona euro tem sido impulsionada, essencialmente, pela subida de preços da energia, em consequência da guerra na Ucrânia, pelo que advertiu que "se as taxas de juro sobem agora não vão baixar os preços".
"Nós olhamos para os números da inflação. (...) Se a situação perdurar, como se pensa actualmente, há fortes probabilidades de as taxas subirem até ao fim do ano", afirmou Lagarde numa outra entrevista à CNBC.
O Banco do Japão permanece firme no seu plano de manter uma ampla política de flexibilização monetária, apesar da subida inflação no país, que segundo as previsões da entidade deverá ficar 1,9% este ano.
Apesar da subida, a taxa de inflação do Japão, terceira maior economia mundial, mantém-se muito atrás da registada nos Estados Unidos ou na Europa.
A ampla flexibilização monetária do banco central japonês resultou numa constante desvalorização do iene que tem beneficiado as exportações, mas que começou a atingir níveis considerados preocupantes, tanto pelo banco central como pelo governo nipónico nas últimas semanas.
Em meados de Abril, o iene seguia no nível mais baixo dos últimos 20 anos face ao dólar, penalizado em particular pela diferença entre a política monetária japonesa e a norte-americana.
Na Coreia do Sul, o banco central (BOK) decidiu no passado dia 14 de Abril subir as suas taxas de juro em 25 pontos base, para 1,5%, tentando conter a crescente pressão inflacionista, devido ao aumento dos preços da energia e das matérias-primas.
O índice de preços do consumidor na Coreia do Sul subiu em Março 4,1% em relação ao ano anterior, o ritmo mais rápido em 10 anos.
O BOK já decidiu três subidas das taxas de juro desde Agosto de 2021, após manter os juros em mínimos durante dois anos para atenuar o impacto da pandemia de covid-19.
O Banco de Inglaterra também já subiu a taxa directora três vezes nos últimos meses, colocando-a no nível que tinha antes da pandemia e explicando que pretende contrariar a inflação que, segundo as previsões da instituição monetária, pode ultrapassar 8% em 2022.
No Canadá, o banco central subiu a taxa de juro em 25 pontos base em Março, para travar a inflação no país, que é mais alta desde há 30 anos (6,7% em Março).
Também o banco central da Suécia (Riksbanken) decidiu na quinta-feira subir as taxas de juro para 0,25% com o intuito de combater a inflação, que chegou a 6,1% em Março. A taxa de juro de referência não estava em terreno positivo desde 2014.
O banco central sueco prevê subir as taxas "mais duas ou três vezes" em 2022 e que estas se mantenham abaixo de 2% nos próximos três anos.