Missão suicida ao planeta mais perigoso do Sistema Solar

PorExpresso das Ilhas,27 jun 2016 6:00

‘Juno’ prepara chegada a Júpiter, o momento crítico de uma missão que não se via há dez anos

“Vamo-nos meter no planeta com os mais terríveis níveis de radiação do Sistema Solar.” Assim resume Heidi Beck o desafio que enfrentará dentro de algumas semanas com seus colegas de equipa da NASA. No dia 4 de Julho, os EUA pretendem comemorar o dia da independência chegando a Júpiter com a sonda Juno, desenhada pela agência espacial norte-americana para bater o recorde de aproximação com o temível gigante gasoso. Com mais de 300 vezes a massa da Terra, Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, e também um dos mais perigosos. Esse super-planeta  dá uma volta sobre si mesmo a cada 10 horas, o que contribui para gerar um descomunal campo magnético no qual os eletrões ficam retidos, funcionando como projéteis contra qualquer coisa que se aproxima. A Juno, primeira nave a orbitar o planeta sobre seus polos, poderá responder a algumas perguntas importantes sobre a origem do Sistema Solar e também sobre a formação da Terra.

“Júpiter é a chave, foi o primeiro planeta a se formar no Sistema Solar, é o primeiro passo para nós”, diz Scott Brown, pesquisador-chefe da missão, citado pelo El País. A equipa concedeu entrevista coletiva na quinta-feira passada para apresentar suas novidades.

O interior desse planeta e sua origem continuam sendo um mistério, quatro séculos depois das primeiras observações científicas de Júpiter feitas por Galileu. Júpiter abriga mais matéria que todos os outros planetas, asteroides e cometas do Sistema Solar juntos. Na verdade, é mais parecido com uma estrela, pois seus dois componentes principais são o hidrogênio e o hélio, como o Sol. “Júpiter absorveu a maioria dos restos de gás e poeira que restaram depois da formação do Sol, e depois os demais planetas se formaram. Ou seja, nós, a Terra, somos a sobra da sobra do Sistema Solar”, explica Brown.

A chegada da nave aos arredores do planeta está prevista para as 20h35 do dia 4 de Julho (horário da Califórnia). Começará então a orbitar Júpiter a fim de estudá-lo durante um pouco menos de dois anos.

 

Será a maior nave a ter-se aproximado do gigante gasoso

Uma das principais perguntas que a missão se dispõe a esclarecer é se, abaixo da espessa atmosfera deste gigante gasoso, além da sua capa intermediária de hidrogênio líquido, há um núcleo feito de elementos pesados, os ingredientes básicos com os quais se formaram a Terra, Marte e o restante dos planetas rochosos.

Júpiter guarda muitas outras chaves para entender por que o Sistema Solar é como é. Pouco depois de sua formação, é possível que Júpiter tenha migrado, como uma enorme bola de demolição que teria destruído os primeiros embriões de planetas rochosos, mas também tornando-o habitável. Alguns especialistas acham que seu núcleo está desaparecendo lentamente — ou mesmo que já tenha desaparecido por completo quando do encontro com a Juno. E, além disso, esse planeta é crucial para entender a evolução da maioria dos planetas já descobertos fora do nosso Sistema Solar, já que também são gigantes gasosos.  

 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 760 de 22 de Junho de 2016.

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Autoria:Expresso das Ilhas,27 jun 2016 6:00

Editado porExpresso das Ilhas  em  31 dez 1969 23:00

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