Os aparelhos feitos de cartolina funcionam como planadores de precisão, autopilotados e guiados por GPS.
Tarefas como transportar vacinas, sangue e outros suprimentos médicos a regiões remotas ou a áreas isoladas devido a catástrofes naturais ou situações de quarentena (com acesso restrito para o pessoal médico e civil) são algumas das missões já confiadas aos drones. Entretanto, o alcance efetivo de um aparelho desses (sua autonomia e capacidade de voo) precisa levar em conta a distância a percorrer até o destino e também no retorno ao ponto de partida.
O jornal El País escreve que a construção e complexidade de um drone pode ser bastante simplificada quando se deseja criar uma aeronave para um só uso, ou seja, que não precisa voltar ao ponto de origem depois de feita a entrega. São os drones descartáveis.
O projeto Icarus (nome que alude ao lendário Ícaro, mas que também é a sigla em inglês de “sistemas controlados não recuperáveis e lançáveis ao ar em sentido único”), financiado pela agência DARPA, trabalha no desenvolvimento desse tipo de drone que não computoriza a viagem de volta, o que melhora sua capacidade de carga e simplifica sua configuração. Essa particularidade dos drones Icarus gera a necessidade de que o custo individual dos aparelhos seja suficientemente baixo para que não valha a pena recuperá-lo, ou pelo menos que esse possa ser considerado um aspecto secundário.
Os drones descartáveis funcionam mais como planadores simples. Não dispõem de motores nem de nenhum tipo de sistema de propulsão, e a pouca eletrônica incorporada tem relação com o controle do voo: um receptor de GPS simples, sensores e peças aerodinâmicas para mantê-lo estável e guiá-lo. De certa forma, podem ser vistos como paraquedas para cargas pequenas, autopilotados e com capacidade de fazer entregas com precisão.
E, além disso, os drones descartáveis precisam ser biodegradáveis, para desaparecerem quase inteiramente do ambiente depois de usados.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 795 de 22 de Fevereiro de 2017.