Pelo menos um quarto da superfície terrestre ficará “consideravelmente” mais seca, mesmo que seja atingido o objectivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celcius como prevê o Acordo de Paris, revela um estudo divulgado nesta segunda-feira.
Nos termos do Acordo de Paris, os Estados comprometeram-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2º C em relação à era pré-industrial e a continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5º C.
No entanto, com base nos compromissos nacionais, o planeta ainda está em direcção a um aumento global da temperatura de 3° C.
Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, citado pela agência Lusa, um quarto do planeta, afectando mais de 25% da população mundial, viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre aumentar 2º C.
Por outro lado, o estudo aponta que, se o aumento da temperatura global for de 1,5º C, isso iria reduzir significativamente o número de regiões do planeta afectados por este processo de seca progressiva, que é medido através da combinação dos valores de precipitação com a evaporação.
Se o alvo de 1,5° C fosse atingido, partes do Sul da Europa, África do Sul, América Central, costa australiana e Sudeste da Ásia (áreas que acolhem hoje mais de 20% da população mundial) evitariam uma aridez significativa”, disse um dos autores do estudo, Su-Jong Jeong, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, na China.
Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projecções de vários modelos climáticos.
Segundo os cientistas, com um aumento das temperaturas de 2° C, entre 24% a 32% da superfície da Terra ficaria mais seca do que actualmente, situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070.
No entanto, se o objectivo de 1,5° C fosse atingido, apenas 8% a 10% da terra ficariam mais secos, disse Su-Jong Jeong, citado pela agência portuguesa de notícias.
À medida que os territórios se tornam mais secos, a degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o CO2, responsável pelas mudanças climáticas.
Este processo aumenta também os fenómenos de secas e incêndios.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 839 de 27 de Dezembro de 2017.