O planeta K2-229 b, localizado a 340 anos-luz da Terra, poderá, segundo os cientistas, esclarecer as particularidades de Mercúrio, o planeta mais perto do Sol, e ajudar a compreender a formação do Sistema Solar.
O K2-229 b é um planeta do tipo terrestre - tem um tamanho muito parecido ao da Terra - mas a sua composição e densidade fá-lo assemelhar a Mercúrio.
Para o investigador arménio Vardan Adibekyan, citado em comunicado pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, onde trabalha, trata-se de um planeta que possui "a mesma particularidade" de Mercúrio, a de "ter uma composição diferente da que seria de esperar a partir da composição da sua estrela-mãe".
Ao contrário de Mercúrio, Terra, Marte e Vénus partilham com o Sol "a mesma abundância relativa de certos elementos químicos, como o ferro, o magnésio ou o silício".
A estrela-hospedeira do planeta K2-229 b "é um pouco mais nova" e tem menos massa do que o Sol e apresenta "uma proporção ligeiramente menor de outros elementos químicos mais pesados do que o hidrogénio e o hélio".
A equipa internacional de astrofísicos espera que a descoberta de outros planetas como o K2-229 b possa ajudar a perceber melhor como planetas como Mercúrio se formaram e evoluíram.
Apesar das semelhanças com Mercúrio, existem também diferenças entre o exoplaneta K2-229 b e o planeta mais pequeno do Sistema Solar: o K2-229 b orbita muito mais perto da sua estrela, completando uma volta em 14 horas (um ano em Mercúrio dura 88 dias terrestres) e tem uma temperatura durante o dia quatro vezes superior, podendo atingir os 2.000ºC, "o suficiente para fundir ferro", explica o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
Muito embora o K2-229 b tenha um tamanho parecido ao da Terra, é um planeta muito mais denso do que o 'planeta azul' e tem duas vezes e meia a sua massa.
O sistema planetário K2-229, que engloba mais dois planetas, o K2-229 c e o K2-229 d, foi detectado através do telescópio espacial Kepler e confirmado e caracterizado com o espectrógrafo HARPS, do Observatório Europeu do Sul, organização astronómica da qual Portugal faz parte.
Os resultados do estudo foram publicados hoje na revista científica Nature Astronomy.