A circulação do Oceano Atlântico já não era tão fraca há mais de mil anos

PorExpresso das Ilhas,24 abr 2018 7:13

​Duas equipas de cientistas mostram que um dos maiores sistemas de correntes oceânicas do mundo enfraqueceu cerca de 15% nos últimos anos. Só discordam sobre quando isso terá começado.

Duas equipas de cientistas analisaram um sistema de correntes oceânicas conhecido como circulação termoalina meridional do Atlântico (AMOC) e chegaram à conclusão de que está a enfraquecer.

No entanto, estes dois estudos, ambos publicados naNature, semana passada, diferem no que diz respeito à altura em que isso terá começado. Um deles conclui que a AMOC começou a ficar mais fraca logo a seguir àPequena Idade do Geloenquanto que o outro refere que isso só aconteceua partir dos anos 50graças ao aquecimento global.

A circulação do Oceano Atlântico é fundamental na regulação do clima global e a AMOC é um dos maiores sistemas de correntes oceânicas do planeta. Em traços gerais, a AMOC é influenciada pela corrente do Golfo, águas quentes e pouco densas que viajam até às Caraíbas até às latitudes mais a norte, explica oPúblico.

É durante essa viagem que estas águas libertam calor na atmosfera e, consequentemente,aquecem a Europa Ocidental. Em sentido contrário, estão as águas frias e salgadas do mar do Lavrador ou da Gronelândia, que são mais densas.

Estas águas, tanto as que vêm do Sul como do Norte, juntam-se e formam uma massa de água profunda no Atlântico Norte,formando assim a AMOC.

A equipa deDavid Thornalley, do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, nos Estados Unidos, analisou o tamanho de grãos sedimentares do fundo do oceano e concluiu que quanto maior é um grão, mais forte é a corrente. Usaram-se ainda outros métodos para reconstituir as temperaturas das águas superficiais nas regiões influenciadas pela AMOC.

“Ao combinarmos estes métodos, sugerimos que a AMOC tenha enfraquecido nos últimos150 anos entre cerca de 15% e 20%“, diz Thornalley, num comunicado da sua instituição.

Pablo Ortega, da Universidade de Reading, no Reino Unido, acrescentou aoEl Paísque “a AMOC enfraqueceu nos últimos 150 anosaté níveis nunca registadosem mais de um milénio. Esta diminuição foi muito rápida e continua a baixar, embora a um ritmo mais reduzido”.

Entre os anos 400 e 1850, a intensidade da AMOC foi estável e durante a revolução industrial abrandou, concluíram os investigadores.

A AMOC terá começado a ficar mais fraca perto do fim da Pequena Idade do Gelo, entre 1300 e 1850. Os cientistas pensam que o Atlântico Norte terá começado a aquecer e que isso provocou o degelo de grandes camadas de gelo do Árctico.

Foi desta forma que se formou umatorneira de água doceno Atlântico Norte. “Este grande fluxo de água doce diluiu a superfície da água do mar, tornando-a mais leve e menos capaz de mergulhar em profundidade, abrandando o sistema da AMOC”, lê-se no comunicado.

A segunda equipa, liderada porLevke Caesar, da Universidade de Potsdam, na Alemanha, analisou dados de modelos climáticos e temperaturas da superfície do mar e concluiu que a AMOC abrandou cerca de 15% desde os anos 50, atribuindo àsalterações climáticasa culpa.

Numcomentárioaos dois artigos,Summer Praetorius, do Centro de Geologia, Minerais, Energia e Ciências Geofísicas, nos Estados Unidos, escreve que ambas as “estimativas do declíniosão extremamente semelhantes, apesar dos diferentes períodos temporais em que são baseadas”.


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 855 de 18 de Abril de 2018.

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Autoria:Expresso das Ilhas,24 abr 2018 7:13

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  24 abr 2018 7:13

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