Imagens de radar mostram que uma montanha na Coreia do Norte foi elevada dois metros devido ao teste nuclear que a Coreia do Norte realizou, a 3 de Setembro de 2017, de acordo com a informação divulgada quinta-feira última.
Uma equipa internacional de cientistas publicou a visão mais detalhada do local do mais recente teste nuclear subterrâneo da Coreia do Norte. A nova imagem de como o teste nuclear alterou a montanha no local da detonação é revelador da importância do uso de imagens de radar por satélite, aliado a registos sísmicos, para melhor localizar os testes nucleares na Coreia do Norte (ou noutro local do planeta).
Os investigadores, uma equipa que inclui especialistas de universidades de Singapura, Estados Unidos, China e Alemanha, anunciaram os resultados do trabalho, que vai ser publicado na revista Science.
A detonação ocorreu nas instalações de Punggye-ri, uma rede de túneis e câmaras secreta, escavada sob o monte Mantap, com 2205 metros de altitude. Desde 2006, já se fizerem cinco testes nucleares – mas nenhum tão potente como o de Setembro de 2017, que era dez vezes mais potente do que os anteriores e provocou um terramoto de magnitude 5,2 na escala de Richter. Com base em gravações sísmicas e redes regionais e globais de imagens de radar a equipa demonstrou que a explosão fez expandir a superfície do monte.
Criando um modelo por computador, os investigadores conseguiram identificar a localização da explosão e a profundidade a que ocorreu. E ainda localizaram o sítio exacto de outro sismo, a cerca de 700 metros a sul da explosão, oito minutos e meio depois – e que pode ter sido causado pelo colapso de um túnel ou de uma cavidade resultante de uma explosão nuclear anterior.
Este é a primeira vez que os deslocamentos de superfície tridimensionais completos, associados a um teste nuclear subterrâneo, foram visualizados e apresentados ao público”, disse o principal autor do trabalho, Teng Wang, da Universidade Tecnológica de Nanyang, Singapura, citado pelo jornal Público.
Juntando toda a informação, os investigadores estimam que o teste nuclear, o sexto da Coreia do Norte e o quinto realizado no Monte Mantap, tinha uma potência entre 120 a 300 quilotoneladas, cerca de dez vezes a potência da bomba lançada pelos Estados Unidos em Hiroxima, em Agosto de 1945, durante a II Guerra Mundial. Este cenário difere de dois outros divulgados na semana passada, um deles identificando a explosão a quase um quilómetro a noroeste do local agora apontado.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 859 de 16 de Maio de 2018.