Antárctida perdeu três biliões de toneladas de gelo desde 1992

PorExpresso das Ilhas,25 jun 2018 6:14

​Num estudo na revistaNature, mais de 80 cientistas alertam que, nos últimos 25 anos, a perda de gelo na Antárctida contribuiu para uma subida do nível médio do mar de 7,6 milímetros.

Se quisermos perceber o efeito das alterações climáticas no planeta, a camada de gelo na Antárctida é um indicador crucial. Quinta-feira passada, num artigo científico na revista Nature surgem novos números sobre esse indicador: a Antárctida perdeu cerca de três biliões de toneladas de gelo entre 1992 e 2017, o que corresponde a uma subida do nível médio do mar de cerca de oito milímetros. Além disso, esta edição da Nature traz mais quatro artigos que exploram diferentes aspectos do passado, do presente e do futuro desta região. Num deles, uma equipa de cientistas – na qual participa o português José Xavier – traça dois cenários (um mais pessimista e outro mais optimista) para o continente e oceano Antárctico em 2070.

Por que é que a Antárctida é um bom indicador para o estudo das alterações climáticas e da subida do nível do mar? A resposta surge logo no início do artigo sobre a perda de gelo: “As camadas de gelo da Antárctida têm água suficiente para aumentar o nível global do mar em 58 metros.” Por isso, compreender o balanço da massa de gelo – o saldo líquido de ganhos e perdas – é fundamental para estimar as mudanças nessa região. Só desde 1989, já se fizeram mais de 150 análises às perdas da massa de gelo no continente.

Agora, a equipa do projecto Exercício de Intercomparação do Balanço da Massa da Camada de Gelo (IMBIE) – que contou com 84 cientistas de 44 instituições – analisou 24 estimativas da camada de gelo baseadas em observações de satélite entre 1992 e 2017. Depois, combinou esses dados com modelações do balanço da massa de gelo superficial.

Na Antárctida Ocidental (que ocupa cerca de 1,8 milhões de quilómetros quadrados) registou-se a maior perda de gelo. Se nos anos 90 o gelo diminuía 53 mil milhões de toneladas por ano, desde 2012 perderam-se 159 mil milhões. “A maioria [das perdas] surge na enorme ilha de Pine e no glaciar de Thwaites, que estão rapidamente a recuar devido ao degelo”, lê-se num comunicado da Universidade de Leeds (Reino Unido).

Na Península da Antárctida (que se estende por cerca de 228 mil quilómetros quadrados), o maior responsável pela redução de gelo foi o colapso de plataformas de gelo, o que levou a um aumento de sete mil milhões para 33 mil milhões de toneladas de gelo perdidas por ano entre 1992 e 2017.

Quanto à Antárctida Oriental, que é muito grande, com cerca de 9,9 milhões de quilómetros quadrados, os resultados são mais “incertos” e praticamente “indistinguíveis de zero”, segundo um resumo sobre o trabalho, e até ganhou cerca de cinco mil milhões de toneladas de gelo por ano.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 864 de 20 de Junho de 2018.

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Antárctida

Autoria:Expresso das Ilhas,25 jun 2018 6:14

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  25 jun 2018 6:15

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