A doença invisível que afecta um em cada três adultos

PorExpresso das Ilhas,3 jul 2018 6:30

Especialistas alertam para o número insuficiente de diagnósticos da enfermidade do fígado gorduroso não alcoólico, que pode causar cirrose e câncer hepático.

Costuma passar despercebida na maioria dos casos. É assintomática. Invisível e silenciosa para o paciente e também para o médico, se não for procurada com cuidado. Quando começa a mostrar a cara, já está avançada e não vem sozinha: é acompanhada, na melhor das hipóteses, por uma cirrose incipiente. Trata-se dadoença do fígadogorduroso não alcoólico, relacionada com a obesidade e os hábitos sedentários, e que afecta um em cada três adultos, segundo estimativas dos especialistas.

A doença do fígado em grau não alcoólico (NASH, na sigla em inglês) está vinculada ao acúmulo excessivo de gordura no fígado por causas alheias ao álcool. “De cada 10 fígados gordurosos que diagnosticamos, só um ou dois são por causa do álcool; o resto não”, esclarece ao El País/Brail o médico Salvador Augustin, hepatologista do hospital Vall d’Hebron, em Barcelona. Não se sabe a origem exacta do NASH, mas os especialistas estão convencidos de que os factores-chave que predispõem a essa enfermidade são a obesidade,o diabetestipo 2, a hipertensão, o colesterol alto e outros transtornos relacionados a hábitos sedentários.

Três em cada quatro pessoas podem permanecer assintomáticas por toda a vida, mas 25% dos pacientes com NASH desenvolverão uma cirrose ou um câncer hepático, segundo cálculos dos especialistas. “No Reino Unido, esse já é o maior responsável pelo câncer hepático, e nosEstados Unidosé a primeira causa de transplantes de fígado”, acrescenta o hepatologista do hospital catalão.

Os médicos alertam para o número insuficiente de diagnósticos do NASH. Os casos notificados são apenas “a ponta do iceberg” de uma epidemia, advertem. “Para cada paciente que diagnosticamos, há três que desconhecemos”, observa o médico do Vall d’Hebron. A detecção é complexa porque a doença é silenciosa e invisível. A melhor arma para confirmar uma suspeita de NASH é o Fibroscan, um procedimento não invasivo que analisa a presença de gordura no fígado e o nível de fibrose. “Acreditamos que 35% da população têm fígado gorduroso não alcoólico e, destes, 25% têm uma fibrose importante, com uma cirrose ou uma pré-cirrose. Na população diabética, entre 10% e 15% têm fígado gorduroso não alcoólico com estado pré-cirrótico ou cirrose”, diz o hepatologista. Estima-se que 1% das cirroses associadas ao NASH podem derivar em um câncer hepático.


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 865 de 27 de Junho de 2018.

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Autoria:Expresso das Ilhas,3 jul 2018 6:30

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  3 jul 2018 6:30

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