Todos somos esquisitos: cientistas de Yale confirmam que a pessoa normal só existe nas estatísticas

PorExpresso das Ilhas,24 dez 2018 6:23

O indivíduo médio serve para identificar as características mais frequentes, mas não é de carne e osso.

Se você é viciado no xadrez e apaixonado pela teoria das cordas, segundo a qual o espaço-tempo tem onze dimensões; se vive permanentemente conectado ao computador, porque é mais fácil encontrá-lo online do que em qualquer outro lugar, se não faz a mesmas coisas que os outros, pode ter-se achado esquisito uma vez ou outra. Ou alguém fez você se sentir assim. No entanto, mesmo que alguém o identifique como rato de biblioteca ou o defina como nerd, geek ou freak, adjetivos que poderiam ser usados para os personagens da série Big Bang Theory, você não tem nada de estranho. Todos temos características que nos tornam diferentes. Além disso, segundo um novo estudo da Universidade Yale (EUA), ninguém é normal.

A ideia de normalidade, diz Francisco Estupiñá, professor de Psicologia da Universidade Complutense de Madri, é relevante no sentido estatístico para manuais de diagnóstico no campo da saúde mental, como o DSM (sigla em inglês de Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a bíblia da Associação Americana de Psiquiatria: “O normal, estatisticamente falando, é o frequente”. Por exemplo, entre ser destro ou canhoto, o primeiro é mais comum (apenas entre 10% e 17% da população é canhota). A questão, continua o especialista, “está no uso desse conceito na linguagem comum.”

A denominação “normal” geralmente causa problemas por ser uma combinação de dois sentidos diferentes, o científico e o comum, diz Cristian Saborido, professor do departamento de Lógica, História e Filosofia da Ciência da UNED. Segundo ele, “o segundo tem a ver com os ideais que temos sobre o perfeito”.

Existe um comportamento ideal?

Segundo o estudo, o ideal é um mito. “Evolutivamente, somos capazes de desenvolver comportamentos diferentes, porque vivemos e enfrentamos contextos muito diferentes. Se tivéssemos apenas uma maneira de agir, seríamos um fracasso”, diz Saborido. Portanto, é um equívoco, dizem os autores do estudo, que um neuropsiquiatra, neurologista ou psicólogo analisem comportamentos de forma isolada.

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 890 de 19 de Dezembro de 2018.

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Autoria:Expresso das Ilhas,24 dez 2018 6:23

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  24 dez 2018 6:23

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