Como proteger tomateiros de nemátodos atacantes?

PorExpresso das Ilhas,29 mar 2019 12:44

​Como foi descrito nos artigos anteriores, é difícil combater os nemátodos que causam perdas na produção agrícola, porque os agricultores nem sempre se apercebem da presença desses vermes nos seus campos. Esses seres microscópicos, portanto, invisíveis a olho nu, causam sintomas de doença em plantas, facilmente confundíveis com outros sintomas causados por exemplo, por deficiência nutricional. Existem muitos métodos de proteção vegetal contra nemátodos que se alimentam de plantas. Este artigo é dedicado à descrição dos mais importantes.

  • Limitando a propagação de nemátodos
  • Certamente que todos concordarão que o método mais confiável é a prevenção. A estratégia geral para lidar com nemátodos deve ser a de impedir que essa praga alcance e colonize as parcelas agrícolas.

    Devido ao seu tamanho microscópico, os nemátodos que atacam as plantas, em função da sua atividade e mobilidade próprias, deslocam-se dentro de uma pequena área, cobrindo uma distância não superior a um metro ao longo de toda a sua vida. Distâncias maiores tais como entre parcelas ou ainda entre regiões do mesmo país, resultam da atividade humana. Portanto, não se pode permitir que plantas, sementes ou tubérculos infetados sejam transportados de outro país ou de outra ilha. Nesses casos, a inspeção fitossanitária assume o papel preventivo.

    Os nemátodos podem facilmente espalhar-se de um campo para outro através de restos do solo em ferramentas e calçados ou em plantas infetadas, sementes e tubérculos. E aqui a responsabilidade de manter o campo longe dos nemátodos recai sobre os próprios agricultores.

  • Plantas tolerantes e resistentes a nemátodos
  • O próximo passo no caminho da proteção efetiva das plantas contra ataques de nemátodos é a seleção de variedades de plantas apropriadas.

    Existem variedades de plantas tolerantes e resistentes ao ataque de nemátodos. Variedades tolerantes são capazes de resistir a danos causados por vermes sem experimentar uma redução significativa nos rendimentos. No entanto, as variedades resistentes não permitem que os nemátodos se reproduzam. O foco mais incisivo de trabalhos científicos recentes, concentra-se na seleção de variedades de plantas resistentes aos nemátodos. E como proceder nos casos em que as nossas parcelas são povoadas por mais de uma espécie de vermes? Em situações similares, caberá ao Ministério da Agricultura prestar a devida assistência técnica sobre variedades resistentes a esse tipo de ataques.

  • Rotação
  • A rotação de culturas é uma boa maneira de controlar os nemátodos e também é muito popular nos países do continente africano. Nas parcelas destinadas ao cultivo de plantas suscetíveis de serem atacadas por nemátodos, tais como algumas variedades de tomateiro, aconselha-se o uso de cultivo periodicamente alternado com plantas não afetadas por nemátodos. Nesses casos, o número de nemátodos no perímetro diminuirá devido à falta de plantas hospedeiras.

    Após cada colheita, torna-se importante remover do campo as plantas com ciclo de vida anual, juntamente com suas raízes, de molde a evitar a continuação da alimentação e reprodução dos nemátodos nos sistemas radiculares.

    O pousio das parcelas, desde que continuem sendo irrigadas durante esse período de descanso no cultivo, reduz o número de nemátodos. O solo húmido cria condições favoráveis para a eclosão de juvenis a partir de invólucros de ovos. Contudo, eles morrem rapidamente sem encontrar plantas hospedeiras nas proximidades.

  • Solarização do solo
  • Segundo alguns autores, também a solarização do solo é um método eficaz.

    A solarização bem-sucedida consiste em cobrir o solo húmido com uma folha transparente por um período de 4 a 6 semanas durante a parte mais quente do verão. Os nemátodos que causam galhas nas raízes, incluindo seus ovos, morrem por norma em poucos minutos, quando a temperatura do solo sob a folha atinge uma temperatura suficientemente alta. Técnicos de proteção vegetal e extencionistas podem prestar clarificações mais detalhadas sobre a temperatura e o tempo de solarização adequados.

  • Métodos químicos - nematicidas
  • Estima-se que 20% dos produtores usam nematicidas na produção de tomate na África do Sul e também em vários países da África Ocidental. Os produtos fitofarmacêuticos ou químicos, que prejudicam o funcionamento do sistema nervoso podem garantir o controlo efetivo de nemátodos. Apesar de esses produtos não serem prejudiciais às plantas, podem, infelizmente, afetar negativamente o funcionamento do sistema nervoso de outros animais, inclusivamente dos próprios seres humanos.

  • Uso de extratos de plantas
  • Dito isso, importa priorizar o método natural mais adequado para afastar os nemátodos e melhorar a saúde das plantas, reduzindo ao mesmo tempo a dependência do controlo químico. Existem dados satisfatórios sobre o uso de produtos naturais preparados localmente com base no extrato de folhas ou sementes de uma árvore muito bem conhecida e popular no país que é o nim. Esses produtos são fáceis de preparar e de usar, disponíveis localmente e ambientalmente seguros.

  • Controlo ou luta biológica
  • Para além disso, vale acompanhar as últimas informações publicadas sobre a eficácia do uso de inimigos naturais para combater nemátodos. Com efeito, ensaios realizados no Quénia provaram que certas espécies de fungos são capazes de causar doenças e enfraquecer a população de uma espécie de nemátodos, viabilizando assim o aumento da produção de tomate em cerca de 65% (combinado com o uso de rotação de culturas).

    Em sumula, a identificação correta e adequada das espécies de nemátodos que ameaçam as culturas é fundamental tanto para o diagnostico, como também para a seleção de uma estratégia efetiva de monitoramento e proteção vegetal. A identificação de nemátodos que se alimentam de plantas requer um bom conhecimento da sua morfologia e anatomia, bem como a gama de variabilidade de características individuais, a habilidade no manuseamento de equipamentos óticos e o conhecimento de técnicas moleculares utilizadas em diagnóstico de nemátodos.

    Beata Wasilewska-Nascimento1

    Łukasz Flis2

    Grażyna Winiszewska2

    1 Plant Breeding and Acclimatization Institute – National Research Institute, Poland

    2 Museum and Institute of Zoology, Polish Academy of Sciences, Poland

    Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 904 de 27 de Março de 2019.

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    Autoria:Expresso das Ilhas,29 mar 2019 12:44

    Editado porNuno Andrade Ferreira  em  29 mar 2019 12:44

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