Uma nova variante do coronavírus circula pela Índia enquanto o país sofre a pior onda de contágios e mortes vista no mundo desde o começo da pandemia. Ainda se ignora quase tudo sobre esta nova versão do vírus, enquanto sua expansão é exponencial e já representa 50% dos casos detectados em pelo menos um Estado.
A variante indiana, chamada B.1.617, conta o El País, foi identificada pela primeira vez no segundo semestre de 2020, mais ou menos na mesma época que a do Reino Unido. A variante britânica actualmente é a predominante em muitos países europeus e também na Índia. Ela é 90% mais contagiosa e até 58% mais mortal. Quanto à variante indiana, preocupam três mutações dentro da sequência de 30.000 letras genéticas de RNA que compõem seu genoma. Apenas uma mudança nessas 30.000 informações pode tornar o SARS-CoV-2 mais apto a invadir os tecidos do organismo e escapar à vigilância do sistema imunológico.
A variante indiana contém, de acordo com a mesma fonte, uma segunda mudança preocupante exactamente nesta região, a E484Q, cujo potencial se desconhece. Há uma terceira mutação que gera alarme, a P681R, pois pode optimizar o processo de entrada do vírus na célula e aumentar sua capacidade para invadir tecidos. Estas três mudanças talvez façam da variante indiana a mais contagiosa e virulenta, mas ainda não há provas disso.
Os dados do Governo do país mostram que essa variante é já predominante no Estado de Maharashtra, no centro da Índia. A prevalência desta versão está crescendo de forma exponencial nos últimos meses, coincidindo com o começo da segunda onda no país, onde o vírus está matando mais de 2.600 pessoas por dia.
A variante indiana já chegou a 19 países. Quase todos são casos isolados, em sua maioria de viajantes que chegam do país asiático. A Organização Mundial da Saúde advertiu que esta nova variante poderia ser mais contagiosa e escapar parcialmente das vacinas.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1014 de 5 de Maio de 2021.