Investigadores europeus, incluindo portugueses, atingiram de forma sustentada um recorde de energia de fusão num teste que visa preparar a operacionalização do maior reactor de fusão nuclear experimental do mundo, em construção em França, foi anunciado terça-feira,8.
O anúncio, noticiado pelo jornal Público, foi feito em comunicado conjunto pelo Instituto Superior Técnico (IST) e pelo Eurofusion, consórcio europeu para o desenvolvimento de energia de fusão, do qual faz parte o IST, através do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN).
Os cientistas e engenheiros obtiveram um “valor recorde de 59 megajoules de energia de fusão sustentada” no dispositivo de fusão Joint European Torus (JET), o maior do género no mundo, a funcionar no Reino Unido, segundo comunicado, citado pela mesma fonte. Na experiência-relâmpago, que durou cinco segundos, o JET alcançou uma potência média de fusão (energia por segundo) de cerca de 11 megawatts.
O maior reactor de fusão nuclear experimental do mundo, o International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), em construção no Sul de França, estará preparado para produzir 500 megawatts por períodos de 400 a 600 segundos, devendo começar a funcionar, numa primeira etapa, entre 2026 e 2027.
O Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear participa no ITER com sistemas de detectores que permitem “determinar alguns parâmetros do plasma no interior do dispositivo”, como densidade e temperatura, e com “o controlo e a aquisição dos dados” que serão posteriormente analisados, disse à Lusa o presidente do instituto, Bruno Soares Gonçalves.
A experiência cujo resultado foi anunciado terça-feira última,8, aconteceu em finais do ano passado e faz parte de uma campanha de ensaios promovida pelo consórcio europeu Eurofusion e que, segundo Bruno Soares Gonçalves, “ajuda a preparar o ITER” com dados “bastante consistentes”.
Para o coordenador do programa do consórcio Eurofusion, Tony Donné, citado em comunicado, está-se “no caminho certo para um futuro movido a energia de fusão”. “Se conseguimos manter a fusão por cinco segundos, podemos vir a fazê-lo por cinco minutos e depois por cinco horas, à medida que ampliamos a escala da nossa operação em máquinas futuras”, afirmou.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1055 de 16 de Fevereiro de 2022.