Uma equipa de cientistas encontrou evidências de que o impacto dizimou três quartos das espécies da Terra e criou a cratera de Chicxulub no México dos tempos modernos, aconteceu na Primavera no hemisfério Norte.
Há 66 milhões de anos, um asteroide atingiu a terra, num episódio que ameaçou a sobrevivência dos dinossauros, mas a altura em que tal aconteceu – na Primavera – pode também ter influenciado drasticamente a velocidade a que se assistia à extinção de outras espécies.
A altura da explosão parece indicar que muitos animais que viviam a Norte do Equador ficaram particularmente vulneráveis à intensa onda de calor desencadeada pela colisão, tendo acabado de sair dos meses duros do Inverno.
Outros animais no Sul podem ter sido beneficiados, já que enfrentaram a ameaça no Outono, podendo estar prestes a entrar no seu período de hibernação.
O impacto direto do asteróide terá desencadeada uma onda de calor global extrema que se revelou letal para muitos animais expostos.
No rescaldo, pensa-se que as temperaturas desceram para um nível de Inverno nuclear que levou muitas mais espécies à extinção.
“Para poder combater esse Inverno nuclear, primeiro foi preciso sobreviver ao impacto real”, disse Melanie During, paleontóloga da Universidade de Uppsala, na Suécia, citada pelo site zap.aeiou.pt. “Qualquer coisa no hemisfério sul que já se abrigasse tinha muito mais hipóteses de sobreviver”.
Quando o asteróide atingiu a Terra, lançou-se uma rocha fundida para o Espaço, que cristalizou e “choveu” de volta à Terra como “esférulas de impacto” no mesmo dia.
Os cientistas encontraram algumas destas esférulas alojadas nas guelras de peixe-papéis fossilizadas e esturjão escavadas num sítio fóssil chamado Tanis na Dakota do Norte.
A descoberta de mais esférulas à volta dos fósseis sugere que as partículas vítreas ainda estavam a cair quando os peixes pereceram, ligando a hora da morte ao dia, e potencialmente até à hora, do impacto. Os peixes parecem ter morrido quando foram enterrados vivos por sedimentos resultantes da colisão.
No estudo publicado este mês na revista Nature, os cientistas descrevem como identificaram ciclos sazonais nas taxas de crescimento das espinhas dos peixes, juntamente com alterações nos isótopos de carbono ligadas a variações sazonais na abundância de zooplâncton, um alimento básico para os peixes.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1057 de 2 de Março de 2022.