Na altura, calcularam que teria apenas milhares de anos, suficientemente recente para que os humanos já estivessem em cena, segundo a Space.
Mas após vários anos de investigação, duas equipas de cientistas determinaram a idade do asteroide como sendo muito mais antigo: 58 milhões de anos.
Investigadores do Instituto GLOBE, da Universidade de Copenhaga, descobriram a estrutura, em 2015, que suspeitavam ser uma enorme cratera com 31 quilómetros de largura, sob o espesso manto de gelo Hiawatha, na Gronelândia.
Na nova investigação, cientistas do Museu de História Natural da Dinamarca e do Instituto GLOBE recolheram amostras de areia da cratera de Hiawatha e aqueceram-na, utilizando o gás libertado dos grãos, até à data do evento de impacto.
O estudo realizado pelos investigadores das diferentes instituições foi publicado na Science Advances, a 9 de Março.
Simultaneamente, investigadores do Museu Sueco de História Natural recolheram amostras independentes das rochas da cratera e dataram-nas, utilizando a impressão digital de urânio do zircónio mineral, de acordo com uma declaração da Universidade de Copenhaga.
Ambas as equipas chegaram à mesma conclusão. O asteroide gigante que caiu na Gronelândia tinha 58 milhões de anos.
“Datar a cratera tem sido particularmente difícil, por isso é muito satisfatório que dois laboratórios da Dinamarca e da Suécia, utilizando métodos diferentes, tenham chegado à mesma conclusão. Como tal, estou convencido de que determinámos a idade real da cratera, que é muito mais velha do que muitos pensavam”, sublinhou Michael Storey, cientista do Museu de História Natural da Dinamarca, citado pelo site zap.aeiou.pt.
Na altura em que o asteroide caiu, a Gronelândia não estava coberta por um manto de gelo, mas sim por uma floresta tropical.
Quando o asteroide que criou a cratera acertou na Terra, fê-lo com uma força vários milhões de vezes mais forte do que a de uma bomba atómica.
Embora esse impacto tivesse certamente aniquilado uma grande parte da Gronelândia, os cientistas não têm a certeza do efeito no clima global.
Essa incerteza contrasta com o impacto mais famoso dos asteroides, que formou a cratera de Chicxulub no México, e erradicou a maior parte dos dinossauros, há 66 milhões de anos, apenas alguns milhões de anos antes do impacto da Gronelândia. A cratera de Chicxulub é quase 6,5 vezes maior do que a de Hiawatha.
Os cientistas tencionam continuar a estudar a cratera de Hiawatha, na esperança de compreender o seu efeito, tanto à escala local como global.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1059 de 16 de Março de 2022.