Durante centenas de anos, os cientistas assumiram que a maioria dos animais não tinha um clítoris. Mas novas descobertas estão a revelar como os órgãos sexuais femininos são tão interessantes e variados como os masculinos.
As cobras fêmea têm, não um, mas dois clitóris. Embora o clítoris tenha sido documentado em algumas espécies de lagartos, incluindo osgas e lagartos-monitores, nunca tinha sido estudado antes em cobras, pelo que muitos cientistas assumiram que não havia nenhum.
No entanto, conta o zap.aeiou.pt, uma investigação publicada em Dezembro de 2022 revelou que as cobras não têm uma, mas duas, localizadas debaixo da cauda. Errado como glândulas de cheiro durante muitos anos, o clítoris existe em cobras, e é composto por duas partes ligadas.
Uma vez que os cientistas o procuraram, o clítoris (conhecido como hemiclitore em cobras e lagartos) foi na realidade encontrado em nove espécies de cobras, de quatro famílias diferentes, incluindo a víbora cantil, a víbora da morte e a pitão do tapete. É constituída por tecido eréctil e terminações nervosas, o que indica que é mais do que apenas um pénis subdesenvolvido e provavelmente tem uma função reprodutiva.
Porque é que sabemos tão pouco sobre clítoris? Ao longo dos anos a ciência foi dominada por homens, que não estavam tão interessados na anatomia feminina como estavam na anatomia masculina. E um pénis é mais óbvio do que um clítoris, o que facilita o estudo.
Até recentemente, não era de todo socialmente aceitável falar sobre o clítoris. Os guias de caça às bruxas da Idade Média referiam-se a ele como a “mama do diabo” e afirmavam que apenas as bruxas tinham uma.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1106 de 8 de Fevereiro de 2023.