De acordo com as contas da maior seguradora do país, que estima ter uma quota de mercado cabo-verdiano de 63,3% (mais quatro pontos percentuais face a 2021), o exercício do ano passado fechou com um resultado líquido superior a 245,3 milhões de escudos (2,2 milhões de euros), tendo o conselho de administração aprovado que 10% desse valor será aplicado na reserva legal e 30% transferido para outras reservas.
Os restantes 60% dos lucros de 2022 – que já em 2021 tinham crescido 17% – serão distribuídos como dividendos aos accionistas, no total de quase 147,2 milhões de escudos (1,3 milhão de euros).
A Fidelidade – Companhia de Seguros detém uma participação de 55,89% do capital social da seguradora Garantia, enquanto o Banco Comercial do Atlântico (de Cabo Verde, do grupo Caixa Geral de Depósitos) assume uma quota de 25% e o Instituto Nacional de Previdência Social de 12,19%, cabendo ainda 4,5% aos Correios de Cabo Verde, enquanto os restantes quase 2,42% das acções estão nas mãos dos trabalhadores.
No relatório e contas de 2022 a administração sublinha que “tem apostado num conjunto de medidas sólidas de protecção, nomeadamente, o lançamento do Prémio Comunidade e diversas soluções adequadas e ajustadas às diferentes necessidades de protecção das pessoas e seus patrimónios”.
“O resultado desse empenho e comprometimento da Garantia tem-se traduzido numa continua tendência crescente da quota de mercado. Em 2022, os clientes continuaram a preferir a Garantia Seguros que, mais uma vez, viu reforçada a sua quota de mercado, tanto nos produtos Vida como nos Não Vida”, lê-se.
Acrescenta que “muito embora as instabilidades económicas que têm marcado os últimos anos”, o volume de negócios da Garantia Seguros “tem crescido a um ritmo cada vez mais acelerado, alcançando uma taxa de crescimento de 18% em 2022”.
Além disso, os custos com sinistros caíram 5% face ao de 2021 e a taxa de sinistralidade bruta situou-se em 28%, face aos 32% registados no ano anterior.
“Os produtos do agregado Vida Risco registaram um aumento de 22% face ao ano anterior. Este crescimento foi muito alavancado pelo sucesso do produto Vida Crédito Hipotecário que cresceu 25% face a 2021. No agregado Não-Vida, o crescimento de 18% registado deveu-se ao desempenho positivo em todas as linhas de negócio, sobretudo, nos seguros Acidentes de Trabalho (+20%), Viagens (+107%) Construção e Montagem (+164%) e Aéreo Cascos (+130%)”, identifica o relatório e contas.
Em 2022, o agregado Não-Vida da seguradora “continuou com um forte peso na carteira”, apesar de ter “sofrido um ligeiro decréscimo de 84,9% para 84,7%”.
Segundo o relatório e contas, a Garantia Seguros fechou o ano de 2022 com um volume de negócios no sector Vida de mais de 333,6 milhões de escudos (três milhões de euros), um aumento de 20% num ano, enquanto no sector Não-Vida ultrapassou os 1.845 milhões de escudos (16,6 milhões de euros), mais 18%.
“Os sinistros registados ao longo de 2022 foram de pequena e média gravidade. Por isso, 86% dos custos registados em 2022 foram acomodados na percentagem de retenção de riscos da Companhia. A taxa de sinistralidade líquida global situou-se em 40,8% (40,1% em 2021)”, refere o relatório.
No final do ano, a seguradora contava com 16 agências em todo o país e 136 trabalhadores e fechou 2022 com um capital próprio de 1.751 milhões de escudos (15,8 milhões de euros), superior em 8% face a 2021.
A Garantia – que resultou da cisão do Instituto de Seguros e Providência Social de Cabo Verde e posterior privatização, em 1992 – é controlada pelo grupo Fidelidade. Este, na sequência da privatização da companhia portuguesa, passou a ter a FOSUN International Limited (FIL), através da Longrun Portugal, SGPS, como principal accionista, com 84,9861% do capital social.
A Caixa Geral de Depósitos continua como accionista estratégico, detendo 15% do capital social da Fidelidade.