Flávia Júlia Helena (250-330)
Foi a primeira mulher do imperador romano, Constâncio, e mãe do seu sucessor, Constantino, o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo, muito por sua influência. Também cristã, Helena fez entre os anos de 327 e 328 uma peregrinação à Terra Santa, ordenando a construção de igrejas nos lugares da paixão de Cristo. Morreu pouco depois de voltar de Jerusalém, por volta dos 80 anos de idade.
Hildegarda de Bingen (1098-1179)
A abadessa alemã teve uma produção intelectual impressionante: escreveu sobre medicina, linguística, música e ciências naturais e compôs música para ser usada na liturgia de seus mosteiros, bem como o único drama musical medieval cuja letra e música chegaram aos nossos dias. Muitos se dirigiam a ela para se aconselhar: conservam-se centenas de cartas dirigidas a bispos, monges, monjas, abades e ao imperador Frederico Barbarossa, a quem recriminou severamente quando do seu apoio a três antipapas. No final de sua vida, Hildegarda empreendeu quatro viagens de pregação, durante as quais fazia sermões em mosteiros, catedrais e praças, exortando sobretudo os monges e o clero à coerência de vida.
Catarina de Sena (1347-1380)
Obrigada pelos pais a se casar com o viúvo de sua irmã, Catarina fez um jejum de protesto e, pressionada a cuidar da aparência para atrair um marido, cortou os cabelos. No fim, os pais permitiram que vivesse como bem entendesse: nunca se casou e nunca foi freira, consagrando-se a uma vida activa e piedosa fora do convento. Cuidava de pobres e doentes, viajava e escrevia cartas, orientando questões políticas e religiosas. Catarina correspondeu-se longamente com o papa Gregório XI, na época em que o papado estava sediado em Avignon, na França, pedindo-lhe que voltasse a Roma e reformasse o clero. Florença a enviou – com apenas 29 anos – para resolver uma questão política com o papa e, depois disso, Gregório voltou a Roma.
Joana d’Arc (1412-1431)
“Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória”: foi assim que uma piedosa camponesa de 17 anos, vestida de forma masculina, se apresentou ao delfim da França, Carlos, pretendente ao trono. Joana d’Arc assumiu então o comando militar de quatro mil soldados, em meio à Guerra dos Cem Anos, uma disputa territorial e dinástica entre a França e a Inglaterra, e empreendeu a missão de reconquistar a cidade de Orleans, tomada pelos ingleses havia oito meses – saiu vitoriosa e conduziu Carlos a Reims, onde foi coroado. Presa depois pelos aliados dos ingleses, foi submetida a um julgamento pela Igreja que durou mais de um ano, até que foi condenada à morte e queimada viva em praça pública. Caninizada em 1920.
Teresa de Ávila (1515-1582)
A reformadora da ordem carmelita é provavelmente a mulher de maior destaque em toda a história da Igreja – se descontarmos aquelas que aparecem na Bíblia. Uma das grandes personalidades da Reforma Católica, período de reacção à Reforma Protestante, Teresa foi a primeira mulher a ser declarada Doutora da Igreja (são 36 os Doutores da Igreja), séculos depois da sua morte, em 1970. Os seus textos são referência indispensável para a mística e a espiritualidade cristãs. Em vinte anos fundou 17 conventos. Essa intensa actividade, por parte de uma mulher e ainda por cima monja de clausura, valeu-lhe ser investigada pela inquisição e ser chamada de “inquieta e andarilha” pelo núncio papal na Espanha.
Teresa de Calcutá (1910-1997)
O seu nome se tornou sinónimo de bondade desinteressada. Teresa deixou o convento em que morava na Índia para se dedicar aos mais marginalizados da sociedade, devolvendo a dignidade a moribundos abandonados nas sarjetas da cidade de Calcutá. Muitas mulheres se juntaram a ela e a congregação das Missionárias da Caridade se espalhou pelo mundo. Madre Teresa foi reconhecida mundialmente pelo trabalho de sua congregação – recebeu, entre outras honras, o Nobel da Paz em 1979. Hoje, a congregação está presente em 133 países com mais de 4.500 religiosas, trabalhando sobretudo junto a refugiados, aidéticos, leprosos, crianças abandonadas, sem distinção de religião, como fez Madre Teresa desde o início. Foi canonizada pelo Papa Francisco, em 2016.