As conclusões do inquérito à vida, obra, palavras e textos de João Paulo II estão desde ontem, segunda-feira, 2, na Congregação para a Causa dos Santos, passo indispensável para a beatificação do papa polaco falecido em Roma a 2 de Abril de 2005.
Milhares de fiéis assistiram, na manhã de ontem, à cerimónia na Basílica de São João de Latrão, em Roma, em que a documentação reunida pela Diocese da capital italiana foi depositada em três cofres de couro, seguidamente selados de acordo com um ritual velho de séculos e entregues à Congregação dirigida pelo Cardeal português Dom José Saraiva Martins.
A partir de agora será a Congregação para a Causa dos Santos a analisar os testemunhos e documentos antes de se pronunciar pela beatificação que muitos consideram inevitável, como será também inevitável a sua canonização. Esta era ontem a opinião do Presidente polaco Leck Kaczynski, que disse estar convicto da canonização do seu compatriota antes de 2010. Os resultados serão comunicados a Bento XVI, que se pronunciará então sobre a beatificação.
Realizado sob a responsabilidade da Diocese de Roma, o inquérito comporta dezenas de milhares de páginas, recolhe 130 testemunhos de pessoas que privaram com o papa polaco e documentação relativa ao caso da freira Marie Simon-Pierre, que alega ter sido curada da doença de Parkinson por intercessão de João Paulo II.
A cerimónia, em que estiveram presentes a freira francesa e Kaczynski, foi presidida pelo cardeal Camillo Ruini, o mesmo que entregou há dois anos, na abertura do conclave que escolheu Bento XVI, uma carta de inúmeros cardeais pedindo a rápida canonização do papa polaco.
Foi também Ruini a lembrar o exemplo de João Paulo II, da "sua luta contra o totalitarismo comunista" à sua "batalha" pela "justiça dos povos" e contra o que designava como a "cultura da morte".
Na segunda-feira à tarde, na missa que assinalou o segundo aniversário da morte de João Paulo II, Bento XVI lembrou o exemplo e a extraordinária "dimensão da universalidade" do seu antecessor.